O presidente da Rússia , Vladimir Putin, dificilmente aceitará a proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA e já endossada pela Ucrânia ....
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, dificilmente aceitará a proposta de cessar-fogo mediada pelos EUA e já endossada pela Ucrânia. A avaliação é do ex-diplomata russo Boris Bondarev, que trabalhou na missão permanente do país na ONU (Organização das Nações Unidas) antes de renunciar em protesto contra a guerra. Segundo ele, o Kremlin tentará prolongar as negociações ao apresentar uma série de modificações para minar o acordo.
Edição: Anderson Miranda | Tribuna do Brasil
“Putin não tem interesse em um cessar-fogo”, disse Bondarev ao site Politico. “Ele acredita que pode atingir seus objetivos lutando. Acho que ele se sente bastante confiante.”
A declaração ocorre no momento em que Steve Witkoff, enviado do presidente dos EUA, Donald Trump, desembarca em Moscou para discutir a proposta de trégua de 30 dias. A Casa Branca aposta que o acordo pode ser um primeiro passo para um tratado de paz mais amplo, que encerre a invasão russa iniciada há três anos.
Putin na posse para seu quinto mandato: guerra segue sem final à vista (Foto: kremlin.ru/divulgação)
O Kremlin, no entanto, dá sinais de desconfiança. O conselheiro de política externa de Putin, Yuri Ushakov, que participou no mês passado de reuniões com negociadores americanos na Arábia Saudita, classificou a proposta como “um documento apressado”. Já Trump advertiu que Moscou não deve tentar postergar a decisão e ameaçou impor “consequências financeiras significativas” caso a Rússia não aceite o acordo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que representantes americanos chegaram a Moscou para discutir o plano. “Os contatos estão programados”, disse ele a jornalistas. Questionado sobre uma possível reunião entre Witkoff e Putin, Peskov evitou dar detalhes.
Para Bondarev, o presidente russo não teme desagradar Trump. “Ele não tem medo de irritá-lo, mas pode dizer: ‘Donald, é uma ótima ideia, eu adoraria parar de lutar, mas antes precisamos resolver algumas questões menores’. Se Trump realmente quiser esse acordo, Putin vai propor ajustes antes de negociar”, afirmou.
A estratégia do Kremlin, segundo o ex-diplomata, será jogar Trump contra o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Sempre haverá um bode expiatório em Zelensky, e Moscou o culpará por qualquer problema com a Rússia. ‘Quem é o culpado? Zelensky, claro'”, disse Bondarev.
Enquanto a pressão aumenta, a Rússia também busca garantir que suas exigências sejam levadas em conta. Para Ushakov, o plano americano privilegia a Ucrânia e ignora as preocupações russas. “Nosso posicionamento também deve ser considerado”, disse ele.
Entre as possíveis exigências russas, está a interrupção do fornecimento de armas ocidentais a Kiev durante o período de trégua. Outra estratégia do Kremlin pode ser condicionar qualquer acordo a uma reunião direta entre Putin e Trump.
Segundo o jornal The Moscow Times, autoridades russas estão explorando a possibilidade de um encontro entre Putin e Trump nos próximos meses, o que permitiria ao Kremlin maximizar concessões de Washington em troca da suspensão das operações militares. “O tempo está do lado do Kremlin”, disse um oficial russo ao jornal.
De acordo com Bondarev, a Rússia busca um acordo “estritamente em condições russas”, incluindo a garantia de que a Ucrânia nunca ingressará na Otan, a proibição do envio de tropas de paz ocidentais e o fim do rearmamento ucraniano pelo Ocidente. Para Putin, um cessar-fogo pode acabar se tornando um passo definitivo para a paz, o que dificultaria sua retomada dos combates.
Fonte: areferencia.com
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