Mulheres transformam o campo e garantem renda com conhecimento técnico No Distrito Federal, a agricultura familiar ganha força e sustentabil...
Mulheres transformam o campo e garantem renda com conhecimento técnico
No Distrito Federal, a agricultura familiar ganha força e sustentabilidade graças ao protagonismo feminino. Com dedicação, resiliência e acesso a programas de assistência técnica, mulheres como Maria do Carmo Souza Pereira e Raimunda Ribeiro Pessoa estão transformando suas vidas e fortalecendo a economia rural. Elas representam um movimento crescente de mulheres que, além de cultivar alimentos e plantas, estão conquistando autonomia financeira e contribuindo para a segurança alimentar da população.
Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), 9,4 mil mulheres estão cadastradas na instituição, representando 41,6% do total de 18 mil propriedades rurais atendidas. Essas agricultoras não apenas plantam, mas também gerenciam suas produções, acessam créditos rurais e participam de programas públicos que garantem a comercialização de seus produtos. O resultado é uma cadeia produtiva que movimentou aproximadamente R$ 6 bilhões em 2023 no DF, consolidando a agricultura familiar como um setor essencial para a economia local.
Mulheres no comando da produção sustentável
Maria do Carmo, conhecida como Irmã Carmen, é um exemplo inspirador. Aos 70 anos, ela cultiva mais de 20 variedades de alimentos em sua propriedade de dez hectares no Assentamento Chapadinha, sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. Sua produção abastece programas como o Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o de Aquisição de Alimentos (PAA), garantindo alimentos saudáveis para crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. “É uma honra muito grande saber que aquelas crianças da cidade comem o que eu planto”, diz Maria do Carmo, orgulhosa de sua contribuição para a segurança alimentar.
Além do impacto social, a produção orgânica liderada por mulheres como Irmã Carmen enfrenta desafios, como a necessidade de mão de obra especializada e dedicação intensiva. No entanto, o apoio técnico da Emater-DF tem sido fundamental para superar essas barreiras. “As mulheres são guerreiras. Só a gente sabe lidar com o alimento, embalar, conversar com o freguês. Temos um papel fundamental nessa produção”, destaca Maria do Carmo.
Conhecimento técnico como alavanca para a autonomia
Para muitas agricultoras, o acesso a programas de fomento e assistência técnica tem sido a chave para transformar paixões em fontes de renda. Raimunda Ribeiro Pessoa, moradora do assentamento 1º de Julho, em São Sebastião, é uma dessas histórias de sucesso. Com o apoio da Emater-DF, ela teve acesso ao Fomento Mulher, recurso que permitiu a construção de duas estufas para a produção de suculentas, hoje sua principal fonte de renda.
Raimunda, que chegou ao DF na década de 1990 em busca de melhores oportunidades, enfrentou anos de dificuldades, trabalhando como empregada doméstica e cuidadora de idosos. Hoje, graças ao investimento em conhecimento técnico e ao apoio da Emater-DF, ela vive exclusivamente da produção em sua chácara. “Era meu sonho ter minha casa e viver da minha produção e não depender de ninguém”, comemora.
O Fomento Mulher, destinado exclusivamente a mulheres titulares de propriedades rurais, é um dos programas que têm impulsionado a autonomia feminina no campo. Em 2024, a Emater-DF orientou a implantação de 137 projetos desse tipo, totalizando mais de R$ 5 milhões em recursos liberados. “O foco desse recurso é prover segurança alimentar e possibilitar a geração de renda”, explica Sheila Nunes, gerente de Desenvolvimento Sócio Familiar da Emater-DF.
Impacto além do campo
O trabalho dessas mulheres vai além da produção agrícola. Elas estão fortalecendo a economia local, garantindo alimentos saudáveis para a população e inspirando outras mulheres a investirem no campo. Para Clarissa Campos Ferreira, extensionista rural da Emater-DF, a participação feminina no campo é multifacetada. “Elas enfrentam jornadas duplas e às vezes até triplas, mas mantêm a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis”, ressalta.
Com histórias como as de Maria do Carmo e Raimunda, fica evidente que o protagonismo feminino na agricultura familiar não só transforma vidas, mas também constrói um futuro mais sustentável e justo para todos. O campo, cada vez mais, é um espaço de oportunidades para mulheres que desejam investir em conhecimento técnico e garantir uma fonte de renda digna e autônoma.
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