Médico pneumologista Celso Silva usa a boneca Alcatina para demonstrar os malefícios do cigarro - Foto: José Cruz / ABr Do cigarro à sustent...
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Médico pneumologista Celso Silva usa a boneca Alcatina para demonstrar os malefícios do cigarro - Foto: José Cruz / ABr |
Do cigarro à sustentabilidade
A sociedade está em constante transformação, e os padrões de comportamento e consumo são moldados não apenas por necessidades individuais, mas também por pressões sociais e mudanças culturais. Em uma análise feita pelo historiador e mestre em Relações Internacionais Fernando Horta, ele compara a evolução do consumo de cigarro ao longo das décadas com outras mudanças comportamentais, como o uso da água e da energia, destacando como a reputação e o status social influenciam essas transformações.
Do cigarro ao estigma social
Horta relembra que, nas décadas de 70 e 80, fumar era um ato socialmente aceito e até glamourizado. Pedir para alguém apagar um cigarro em um restaurante, ônibus ou avião era visto como uma ofensa. "A pessoa olhava na tua cara e dizia: 'Não, eu tenho meu direito de fumar. Vai você que se exploda'", relata. No entanto, a partir dos anos 90, o cenário começou a mudar. Fumantes passaram a sentir vergonha, saindo de ambientes fechados para acender seus cigarros. Hoje, fumar é quase uma "chaga social", com atrizes e celebridades sendo expostas e criticadas publicamente por serem fotografadas fumando.
Esse exemplo, segundo Horta, ilustra como a sociedade é capaz de transformar hábitos considerados normais em práticas estigmatizadas. "Se conseguimos transformar a posição social das pessoas com relação ao consumo de tabaco, por que não podemos fazer o mesmo com outros tipos de consumo?", questiona.
Consumo de água e energia: Uma mudança em andamento
O historiador também traz à tona mudanças no consumo de água e energia. Nos anos 80, era comum ver pessoas lavando carros na rua com mangueiras, uma prática que hoje é vista como desperdício e motivo de reclamação dos vizinhos. Da mesma forma, lavar louça com a torneira aberta, algo normal no passado, hoje é considerado irracional e insustentável. Horta relata uma experiência pessoal nos Estados Unidos, onde foi advertido por lavar louça com a torneira aberta. "Isso não é racional", disseram-lhe, mostrando como a conscientização sobre o uso responsável da água já está enraizada em algumas culturas.
A pressão social como agente de mudança
A análise de Horta aponta para um padrão claro: a pressão social e a busca por status e reputação são poderosos agentes de mudança. Assim como o cigarro passou de um símbolo de status para um hábito marginalizado, outros comportamentos de consumo estão seguindo o mesmo caminho. O uso de energia elétrica, por exemplo, já está sendo repensado, com pessoas adotando práticas mais sustentáveis, como o uso de lâmpadas LED e painéis solares.
O futuro do consumo e os desafios climáticos
Horta alerta que, com o agravamento dos problemas climáticos, a sociedade será forçada a repensar seus hábitos de consumo de forma mais ampla. "A questão vai ser: o que consumir e como consumir", afirma. Ele acredita que, assim como ocorreu com o cigarro e está ocorrendo com o uso da água e da energia, a pressão social e a busca por uma boa imagem serão fundamentais para impulsionar mudanças em direção a um consumo mais sustentável.
Padrões de consumo e hábitos
A trajetória do cigarro, de hábito glamourizado a prática estigmatizada, serve como um exemplo poderoso de como a sociedade pode transformar padrões de consumo. Fernando Horta sugere que o mesmo mecanismo pode ser aplicado a outros hábitos, como o uso de água e energia, especialmente diante dos desafios climáticos que se avizinham.
A chave, segundo ele, está na capacidade de mobilizar a pressão social e a busca por reputação para promover mudanças significativas. Afinal, se conseguimos mudar a forma como vemos o cigarro, por que não podemos fazer o mesmo com outros aspectos do nosso consumo?
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