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Parlamentar questiona critérios do governo brasileiro ao suspender compra de armamentos israelenses, enquanto comércio com Moscou segue em alta
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A decisão do governo brasileiro de vetar a compra de blindados de Israel, mas seguir expandindo as importações da Rússia, virou alvo de questionamento no Congresso. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) enviou um requerimento ao Ministério da Defesa, exigindo explicações sobre a suspensão da licitação para a aquisição de 36 obuseiros autopropulsados ATMOS 2000, fabricados pela empresa Elbit Systems.
O governo justificou a medida alegando a necessidade de restringir negociações com países em guerra, devido ao conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. O problema? Essa mesma regra não parece se aplicar à Rússia, que, mesmo após a invasão da Ucrânia, continua entre os principais parceiros comerciais do Brasil.
Dois pesos, duas medidas? O questionamento de Nikolas Ferreira
O parlamentar critica o que considera um critério duvidoso e seletivo do governo. Segundo levantamento do jornal Gazeta do Povo, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as importações brasileiras de produtos russos cresceram cerca de 75% entre 2021 e 2023, mesmo após o início da guerra na Ucrânia.
No requerimento, Ferreira pergunta diretamente ao ministro da Defesa, José Múcio:
Até o momento, o Ministério da Defesa tem 30 dias para responder às perguntas. Caso contrário, o governo poderá ser convocado a prestar esclarecimentos em audiência pública.
O fator geopolítico e a relação Brasil-Israel
A suspensão da compra dos blindados israelenses ocorreu em meio a uma crescente crítica do governo brasileiro à atuação militar de Israel em Gaza. Desde outubro de 2023, o Brasil tem defendido investigações internacionais sobre supostos crimes de guerra cometidos pelo exército israelense.
A decisão de barrar a compra do armamento segue essa linha política e gerou reação dentro do Congresso, especialmente entre parlamentares alinhados com uma visão pró-Israel e mais crítica ao governo russo.
Enquanto isso, Brasil e Rússia estreitam laços comerciais
Se, por um lado, o Brasil tem freado compras de equipamentos de defesa israelenses, por outro, o comércio com Moscou segue de vento em popa.
A compra de fertilizantes russos pelo agronegócio brasileiro disparou nos últimos anos, tornando a Rússia um parceiro comercial estratégico para o setor agrícola. Além disso, Belarus, país aliado de Vladimir Putin, também figura entre os principais fornecedores desses insumos ao Brasil.
Esse crescimento nas relações econômicas com a Rússia acontece sem nenhum tipo de restrição por parte do governo brasileiro, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a seletividade das sanções.
Eslováquia pode entrar no jogo
Com o veto aos blindados israelenses, um novo fornecedor entrou na jogada: a Eslováquia. O Brasil já tem relações comerciais com o país no setor de defesa e assinou, em dezembro de 2024, um memorando de entendimento que pode resultar na compra de quatro aeronaves de transporte Embraer C-390 Millennium para as Forças Armadas eslovacas.
Agora, o país europeu propôs a venda de obuseiros autopropulsados, produzidos pela Konstrukta Defence, o que pode ser uma alternativa à Elbit Systems, de Israel.
O que vem pela frente?
O governo brasileiro tem um impasse para resolver: manter o veto às compras de armamentos israelenses, enquanto segue ampliando o comércio com a Rússia, pode gerar mais questionamentos no Congresso e entre aliados internacionais.
A resposta do Ministério da Defesa ao requerimento de Nikolas Ferreira pode esclarecer os critérios do governo para lidar com negociações em tempos de guerra. Ou então, trazer ainda mais polêmica para um cenário já turbulento na geopolítica brasileira.
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