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Inadimplência no ensino superior privado atinge 9,33%

Pesquisa do Instituto Semesp revela aumento ​na taxa de inadimplência e alerta para impacto do endividamento familiar, do cenário econômico ...

Pesquisa do Instituto Semesp revela aumento ​na taxa de inadimplência e alerta para impacto do endividamento familiar, do cenário econômico desafiador e das apostas online​ no setor educacional





São Paulo, novembro de 2024 - A ​taxa de inadimplência no setor de ensino superior privado brasileiro chegou a 9,33% no primeiro semestre de 2024, um aumento de 3,4% em relação ao mesmo período de 2023, conforme revela a​16ª edição da Pesquisa de Inadimplência no Ensino Superior Privado, desenvolvida pelo Instituto Semesp, em parceria com a Principia. A pesquisa, com uma amostra de 250 instituições de ensino que representam cerca de 26% das matrículas do país em cursos presenciais e a distância (EAD), oferece um panorama detalhado sobre o impacto econômico por porte das instituições e as variações por modalidade de ensino.


Após um aumento acentuado na inadimplência em 2020, impulsionado pela pandemia e seus efeitos econômicos, o setor privado de ensino superior enfrentou grandes desafios. A crise elevou o desemprego, reduziu a renda e restringiu o crédito estudantil, resultando em elevação da inadimplência. Já em 2022 houve uma leve queda, indicando uma possível recuperação financeira dos estudantes, mas essa melhora foi breve: em 2023, a ​taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) voltou a crescer, alcançando 9,03%.


No primeiro semestre de 2024, os atrasos nas mensalidades de cursos presenciais aumentaram 3,0%, mantendo a pressão sobre as famílias. O cenário foi ainda mais crítico no EAD, onde a inadimplência (atrasos acima de 30 dias) subiu 11,8%, elevando a inadimplência total no setor de ensino superior privado a 9,33%, um aumento de 3,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.


O estudo também revelou variações significativas conforme o porte das instituições. Enquanto as de pequeno porte registraram uma leve queda de 0,7% nos créditos não recebidos, as instituições de médio e grande porte observaram aumentos de 10,3% e 4,7%, respectivamente. Apesar da queda leve, a inadimplência nas pequenas instituições continua mais alta, atingindo 14,26%, em comparação com 7,91% nas médias e 9,15% nas grandes, sugerindo que essas instituições enfrentam maiores dificuldades para lidar com a inadimplência.
“Os alunos dessas instituições geralmente têm renda menor e menos acesso a crédito, o que torna o desafio da inadimplência ainda maior para as IES de pequeno porte”, explicou ​Rodrigo Capelato​, economista e diretor executivo do Semesp, ​entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil.


Para Capelato, o cenário macroeconômico também influencia a inadimplência do setor. A inflação, medida pelo IPCA, foi de 4,62% em 2023, impactando o poder de compra das famílias e o orçamento das instituições, que precisam equilibrar custos crescentes. Dados do Serasa de agosto de 2024 mostram que 47,9% da renda das famílias está comprometida com dívidas, enquanto 26,8% da renda mensal está destinada ao pagamento de parcelas e juros. “Esses números acendem um sinal de alerta para o ensino superior privado”, disse ​Rodrigo Capelato.


“Apesar da redução no desemprego, as vagas criadas oferecem salários insuficientes para cobrir esse aumento dos compromissos financeiros, especialmente com as mensalidades escolares que são as primeiras a serem postergadas”, explicou ​o diretor executivo do Semesp. “Esse cenário de comprometimento de renda continuará a desafiar o setor, principalmente no ensino presencial, onde as mensalidades são mais altas.”


R​odrigo Capelato também destacou que o setor educacional tem uma taxa de inadimplência elevada em relação a outros setores da economia, e que a Lei das Mensalidades impede as IES de suspender os serviços para alunos inadimplentes, contribuindo para esse índice. Além disso, ele apontou diferenças no perfil dos alunos: enquanto os cursos presenciais atraem estudantes mais jovens, o EAD conta com alunos mais velhos, já inseridos no mercado de trabalho. “Com o crescimento das matrículas no EAD, onde as mensalidades são mais acessíveis, precisamos analisar essa questão com uma nova perspectiva”, defendeu.


Mesmo com a queda do índice de desemprego, o cenário permanece desafiador, com a inflação afetando a renda do trabalhador e os salários baixos comprometendo a capacidade de pagamento. “Outro fator que tem contribuído para o endividamento e impactado o orçamento dos estudantes são as apostas online. Com base ainda em dados preliminares, aparentemente os Bets surgem como uma nova concorrência para o setor”, concluiu Capelato.

Anexo Pesquisa

Sobre o Instituto Semesp


O Instituto Semesp é um centro de inteligência analítica criado pelo Semesp. Integrado por especialistas com sólida experiência no levantamento e análise de dados sobre o ensino superior, o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicadores e análises estatísticas referentes ao setor. Seu objetivo é disponibilizar para pesquisadores, educadores, gestores privados e públicos, jornalistas e para a sociedade em geral informações relevantes e confiáveis que lhes permitam tomar decisões, estabelecer estratégias ou formular políticas públicas, visando o desenvolvimento da educação superior. O Instituto é responsável por estudos e pesquisas divulgados anualmente pelo Semesp, como o Mapa do Ensino Superior no Brasil, a Pesquisa de Empregabilidade, a Pesquisa de Inadimplência e a Pesquisa sobre Cursos de Especialização Lato Sensu no Brasil, entre outros diagnósticos considerados essenciais para a compreensão do setor.


Sobre o Semesp


Fundado em 1979, o Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, tem como objetivos prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da educação acadêmica do país. Comprometida com a inovação, a entidade mantém uma estrutura técnica especializada que realiza periodicamente uma série de estudos e pesquisas sobre temas de grande relevância para o setor e promove a interação entre mantenedoras e profissionais de educação.

Realiza também eventos como o FNESP, maior Fórum de ensino superior da América Latina, o Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), o Congresso de Políticas Públicas para o Ensino Superior e as Jornadas Regionais pelo Interior de São Paulo, e ainda capacita os profissionais da educação superior por meio da Universidade Corporativa Semesp.

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