Setembro amarelo: especialistas destacam como a escola pode ajudar na saúde mental dos estudantes Dados do Ministério da Saúde apontam que...
Setembro amarelo: especialistas destacam como a escola pode ajudar na saúde mental dos estudantes
Dados do Ministério da Saúde apontam que entre 2016 e 2021 houve um aumento significativo nas taxas de mortalidade por suicídio de crianças e adolescentes
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O Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio e à promoção da saúde mental, busca a conscientização, o acolhimento e o tratamento do sofrimento mental. Independente da idade, é importante ressaltar que a conversa deve ser livre de julgamentos e os tabus devem dar lugar aos cuidados e busca das causas que levam os indivíduos ao adoecimento mental. Pode-se iniciar na infância. Especialistas reforçam que a atenção ao bem-estar emocional deve ser contínua, inclusive no ambiente escolar .
Um estudo feito pela Secretaria de Vigilância em Saúde e divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, mostrou que entre 2016 e 2021 houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade por suicídio de adolescentes entre 15 a 19 anos, chegando a 6,6 por 100 mil, e de 45% entre adolescentes de 10 a 14 anos, chegando a 1,33 por 100 mil.
Segundo especialistas, a maioria desses casos está relacionada às doenças mentais, principalmente quando não diagnosticadas ou tratadas de forma equivocada. E os cuidados devem ser constantes, independente da idade. A coordenadora pedagógica Michelle Gössling Cardoso ressalta que os comportamentos das crianças geralmente são motivados por crenças, experiências ou desejos que elas muitas vezes ainda não conseguem expressar. “Portanto, cabe aos adultos ao seu redor estarem atentos para identificar essas motivações e oferecer o suporte necessário, utilizando ferramentas que as crianças ainda não desenvolveram”, aponta.
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Ela reforça que não se pode esperar que as crianças resolvam todos os problemas sozinhas se não lhes mostrarmos o caminho, seja por meio do exemplo e da modelagem, ou orientando-as sobre diferentes maneiras de lidar com uma determinada emoção ou situação. “Esse processo é o que chamamos de ‘autonomia assistida’, no qual fornecemos as ferramentas e continuamos oferecendo suporte enquanto a criança começa a aplicá-las em suas próprias experiências”, explica.
Mas como saber se há algo errado com a criança no ambiente escolar? A psicóloga Jacqueline Maimoni, do Colégio Everest Brasília, destaca que os primeiros sinais de sofrimento psicológico em alunos costumam ser emocionais e comportamentais. “Mudanças como isolamento social, ansiedade, irritabilidade, tristeza, choro persistente, alterações nos hábitos alimentares ou de sono, são indícios de que algo está errado. Também podemos observar a queda no desempenho escolar, muitas vezes devido à falta de concentração”, explica. Ela ressalta a importância da atenção dos educadores e da comunidade escolar para detectar esses sinais e encaminhar os alunos para a equipe especializada.
A especialista afirma que o papel da escola é fundamental na identificação do sofrimento psicológico. "É essencial que a escola ofereça espaços de fala acolhedores e receptivos, sem julgamento, para que os alunos se sintam à vontade para expressar suas preocupações", reforça Maimoni. “É preciso trabalhar de forma integral, valorizando a observação constante e intervenções socioemocionais e psicoeducativas. A criação de vínculos de segurança é fundamental para o bem-estar dos alunos, e a escola tem o papel de reduzir o estigma em torno da saúde mental.”
No Colégio Everest Brasília, por exemplo, há uma estrutura dedicada ao cuidado emocional dos alunos. “Temos um departamento de psicologia preparado para acolher e ouvir tanto os alunos quanto os funcionários. Além disso, a Pastoral do colégio realiza o direcionamento espiritual dos alunos, oferecendo suporte complementar para aqueles que necessitam de uma abordagem mais ampla”, destaca a psicóloga.
O Setembro Amarelo é trabalhado na instituição por meio de atividades educativas, palestras e projetos que promovem a conscientização sobre a saúde mental. “Incentivamos discussões abertas sobre o tema, proporcionando um espaço seguro para que os alunos possam falar sobre suas preocupações e aprendam sobre a importância do autocuidado e do apoio mútuo. Esse é um período importante para sensibilizar todos os envolvidos sobre a relevância da saúde mental e do cuidado com o outro”, conclui Jacqueline Maimoni.
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