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CNC: mulheres se preocupam mais com consumo sustentável do que homens

Foto: Tony Winston/Agência Brasília ...

Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Pesquisa ouviu 1.019 pessoas de 320 cidades de todas as regiões

Por Leo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil | Edição: Aécio Amado

No Brasil, as mulheres manifestam mais preocupação com o consumo sustentável do que os homens. É o que mostra uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta sexta-feira (2). O estudo buscou compreender de que forma aspectos ambientais, sociais e econômicos influenciam o comportamento do consumidor.

Com o título de Pesquisa Consumo Consciente - Visão do consumidor 2024, a iniciativa envolveu uma consulta on-line com 1.019 pessoas. A coleta dos dados foi realizada no fim de outubro do ano passado em 320 cidades, de todas as regiões do país. Os entrevistados responderam a um questionário sobre o tema. Os resultados foram desagregados por gênero, classe social, faixa etária, escolaridade e localização geográfica.

Entre as mulheres, 36% afirmaram que deixam de comprar produtos de vendedores ou fabricantes com práticas nocivas ao meio ambiente, 39% disseram rejeitar empresas envolvidas em escândalos de desrespeito aos empregados e 38% recusam marcas envolvidas em fraudes ou corrupção. Já entre os homens, foram registrados percentuais mais baixos em todos os três tópicos: 33%, 38% e 36%, respectivamente.

O público feminino também é mais propenso a realizar muitas pesquisas de preços antes de realizar uma compra: 67% das mulheres afirmaram ter esse hábito. Entre os homens o índice foi 61%.

Os participantes foram indagados sobre quais seriam as principais preocupações para a adoção de um consumo consciente. A ordem das respostas mais assinaladas foi similar entre as mulheres e os homens, com leves diferenças nos percentuais.

A lista foi encabeçada pela redução da poluição e pela utilização dos recursos naturais de forma responsável, citadas respectivamente por 61% e 58% das consumidoras e por 60% e 57% dos consumidores. Em terceiro lugar, aparecem as questões trabalhistas das marcas, lembrada por 55% das mulheres e 56% dos homens. Além disso, 54% de ambos os gêneros mencionaram a redução do impacto na flora e fauna.

Os entrevistados também responderam quais as atitudes mais adotadas em linha com um consumo consciente. As respostas mais citadas foram a compra de produtos em refil para reutilizar embalagens, a compra de produtos que podem ser reaproveitados, o uso racional dos recursos naturais como energia elétrica e água, a preferência por produtos feitos de materiais recicláveis, a recusa em comprar de empresas com escândalos de desrespeito aos empregados e a separação do lixo reciclável em casa.

Os resultados da pesquisa indicam ainda que as certificações socioambientais - como Produtos Orgânicos Brasil, Selo FSC, ISOs, NBRs, Selo Procel, e Selo Empresa Amiga da Criança - são importantes para a maioria dos ouvidos. Elas foram consideradas relevantes para 58%, sendo extremamente relevantes para 21%.

De outro lado, cerca de 70% dos consumidores consultados não consideraram que a compra de produtos piratas ou falsificados seja um hábito que prejudica a economia. Eles também consideram que a prática está relacionada com a baixa conscientização e educação sobre o assunto.

De acordo com o relatório da pesquisa divulgada pela CNC, foi constatado crescente interesse dos consumidores pela sustentabilidade, o que impõe a construção de uma pauta para a tomada de decisão dos empresários. Ainda há, no entanto, obstáculos para que a sustentabilidade seja adotada de forma mais ampla nas práticas de consumo. "No Brasil, 51% dos consumidores consideram as opções sustentáveis muito caras, e em segundo lugar, para 46%, há dificuldade com a disponibilidade limitada de produtos sustentáveis", diz o relatório.

Segmentação social e regional

Entre os dados segmentados por classe social, observa-se que os consumidores da faixa de renda média mensal domiciliar entre R$ 900,60 e R$ 1.965,87 são os mais preocupados em pesquisar preços. A prática é reivindicada por 67% das pessoas desse grupo. Para as demais faixas de renda, o percentual é mais baixo, variando entre 63% e 65%.

Ao mesmo tempo, a compra por impulso é mais frequente entre as populações com menor renda. Nas faixas C, D e E, que vão até a média mensal domiciliar de 1.965,87, esse comportamento é relatado por 8% dos consumidores. Na faixa C+, esse percentual é de 6% e nas faixas A e B de 5%.

Cerca de 29% dos entrevistados dizem não ser nem muito econômico e nem muito gastador. Na segmentação por classe social, esse índice variou entre 25% e 31%.

Já no recorte por região geográfica, nota-se que os consumidores nordestinos são os mais preocupados em realizar pesquisas antes de fazer uma compra. Esse hábito é assumido por 68%. De outro lado, a população que registra o maior percentual de pessoas que admitem comprar por impulso está no Sul: o comportamento é relatado por 9% dos consumidores da região.

Dados específicos do varejo

A pesquisa, cuja íntegra está disponibilizada no portal eletrônico da CNC, também apresentou dados específicos envolvendo alguns segmentos do varejo. Houve análises para os comércios de roupas e acessórios; eletroeletrônicos; produtos de limpeza; alimentação e bebidas; higiene pessoal e beleza; lazer e turismo; e instituição de ensino.

No consumo de alimentos e bebidas, por exemplo, 25% declararam preferência pela produção comunitária, 21% a embalagens recicláveis ou biodegradáveis e 17% a produtos orgânicos. Já em relação aos itens de higiene e beleza, 26% afirmaram dar preferência a produtos com certificação de bem-estar animal, os quais atestam que não houve uso de animais em testes. Na escolha dos produtos de limpeza, a busca por embalagens de refil foi mencionada por 47%.

Para 55% dos entrevistados, as práticas sustentáveis são relevantes na escolha do destino turístico. De outro lado, 51% afirmaram não estarem dispostos a pagar sobretaxas nas passagens aéreas para compensar a emissão de gases do efeito estufa, enquanto 38% aceitariam pagar se obtivessem mais informações sobre as medidas adotadas. Os outros 11% dizem que já costumam pagar taxas extras voltadas para a sustentabilidade da aviação.

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