Redes sociais transformam a realidade brasileira, diz historiador em entrevista a Gleisi Hoffmann

O papel das Big Techs e a necessidade de regulação no mundo digital Na edição mais recente do videocast "PT Conexões Brasil", a pr...

O papel das Big Techs e a necessidade de regulação no mundo digital

Na edição mais recente do videocast "PT Conexões Brasil", a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, recebeu o professor e doutor em História das Relações Internacionais, Fernando Horta, para discutir o impacto das redes sociais na nova realidade brasileira. Acompanhada pelo secretário nacional de comunicação do PT, Gilmar Tato, Hoffmann conduziu uma conversa profunda sobre como as redes digitais estão moldando comportamentos e influenciando a sociedade.

O debate iniciou com Hoffmann destacando a trajetória do PT, partido que, com 44 anos de existência, se consolidou como a maior referência entre os eleitores brasileiros. "O PT foi fundado em um contexto onde o trabalho formal e a organização sindical prevaleciam, e hoje enfrentamos uma realidade completamente diferente, marcada pelas redes sociais que têm um papel central na organização do mundo do trabalho", explicou Hoffmann.

Fernando Horta destacou a complexidade da relação entre sociedade e redes sociais. "Não há uma relação causal simples. A sociedade se apropria das estruturas digitais ao mesmo tempo que essas tecnologias impõem transformações significativas na forma como pensamos", afirmou Horta. Ele sublinhou que uma das mudanças mais impactantes é a alteração do "limiar de verdade", onde informações provenientes de fontes questionáveis podem ter o mesmo peso que pesquisas científicas robustas.

Horta apontou a facilidade de disseminação de informações falsas como um grande desafio, enfatizando que o custo de produção de conteúdos digitais é extremamente baixo. "Uma pesquisa desenvolvida ao longo de anos pode ser contestada por um blogueiro com legitimidade digital adquirida através de entretenimento. Isso cria um ambiente onde qualquer coisa pode ser contestada, resultando em problemas como fake news", elucidou o historiador.

Gilmar Tato adicionou à discussão a questão das plataformas digitais, controladas por empresas de extrema direita. "Essas plataformas resistem a qualquer tipo de regulação, diferentemente dos meios de comunicação tradicionais que sempre foram concessões públicas", apontou Tato, referindo-se à resistência de empresas como Meta e Twitter em aceitar regulamentações que garantam uma comunicação mais responsável.

Apesar dos desafios, Tato acredita que a esquerda e o PT têm conseguido disputar e ganhar debates importantes nas redes sociais. "Temos exemplos recentes, como o enfrentamento das fake news sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, a disputa sobre o PL do aborto e a PEC da privatização das praias. Quando há uma causa justa, conseguimos mobilizar e vencer", afirmou o secretário de comunicação.

Horta concluiu a discussão reforçando a importância de entender o mundo digital como uma extensão da vida real. "Não existem dois mundos, apenas um. E precisamos encontrar formas de reorganizar a sociedade para estabelecer hierarquias de conhecimento e confiança, sem censura, mas com um entendimento claro do que é verídico e do que não é", finalizou.

A entrevista ressaltou a necessidade urgente de regulamentar o capitalismo digital e promover um uso mais ético e responsável das redes sociais, reconhecendo-as como um componente fundamental da vida contemporânea e da democracia brasileira

Para mais esclarecimentos sobre como as redes sociais estão moldando a nova realidade brasileira e os desafios que isso impõe à sociedade, assista à entrevista completa com o professor Fernando Horta e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann. Acesse o videocast "PT Conexões Brasil" e fique por dentro dos debates mais urgentes da política atual.