Manobras militares russas nas fronteiras aumentam tensões com declarações da Otan em apoio a Kiev. A Rússia anunciou nesta segunda-feira (6)...
Manobras militares russas nas fronteiras aumentam tensões com declarações da Otan em apoio a Kiev.
A Rússia anunciou nesta segunda-feira (6) que realizará um exercício militar de prontidão nuclear em áreas próximas à fronteira com a Ucrânia. As manobras contarão com Força Aérea e Marinha e surgem como uma resposta às recentes declarações de países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em apoio a Kiev, que Moscou classificou como “perigosas” e uma “escalada direta de tensão“.
Moscou anuncia exercício de prontidão nuclear nas proximidades da Ucrânia em resposta às recentes declarações de países ocidentais. Com envolvimento da Força Aérea e Marinha, as manobras incluirão armas nucleares táticas, intensificando uma escalada de tensões na região. Confira os detalhes e os desdobramentos dessa movimentação militar.
“A fim de aumentar a prontidão das forças nucleares não estratégicas para realizar missões de combate, o Estado-Maior iniciou os preparativos para a realização de exercícios num futuro próximo com formações de mísseis do Distrito Militar Sul com o envolvimento da aviação, bem como das forças da Marinha”, disse o Ministério da Defesa em comunicado reproduzido pela rede Radio Free Europe (RFE).
Embora exercícios militar envolvendo o arsenal nuclear sejam comuns, neste caso chama a atenção o anúncio de Moscou de que usará armas nucleares táticas em vez das estratégicas.
As armas nucleares táticas têm alcance reduzido e servem para aniquilar posições estratégicas do inimigo, com precipitação radioativa limitada a cerca de um quilômetro. Tem sido frequentemente especulado que a Rússia estaria pronta para colocá-las em ação na guerra, inclusive com algumas posicionadas dentro de Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia.
Por sua vez, as armas nucleares estratégicas são capazes de destruir cidades inteiras, como ocorreu em Hiroshima e Nagasaki em 1945. Elas habitualmente fazem parte de exercícios militares russos, vez que são o principal trunfo do arsenal do país.
“Durante o exercício, será realizado um conjunto de atividades para praticar a preparação e utilização de armas nucleares não estratégicas”, acrescenta o comunicado, segundo o qual o exercício foi ordenado pelo presidente Vladimir Putin.
“Escalada direta de tensão”
As hostilidades entre a Rússia e os aliados ocidentais têm crescido conforme avança a guerra da Ucrânia, e frequentemente o governo russo se refere às armas de destruição em massa para ameaçar os rivais. O Kremlin geralmente usa porta-vozes extraoficiais para lembrar ao mundo que tem o maior arsenal nuclear global, mas em março deste ano foi o próprio Putin que se manifestou.
Na oportunidade, o presidente falou sobre o tema em entrevista à emissora local Rossiya 1 e à agência estatal de notícias RIA Novosti. “Do ponto de vista técnico-militar, estamos, é claro, prontos. Eles (os mísseis russos com capacidade nuclear) estão constantemente conosco, constantemente em estado de prontidão para o combate”, disse. “Nossa tríade, a tríade nuclear, é mais moderna que qualquer outra tríade. E fizemos muito mais progressos aqui. O nosso é mais moderno, todo o componente nuclear…”
Agora, o que levou o presidente a ordenar as manobras militares foi novamente a tensão com o Ocidente. Mais precisamente com Reino Unido e França, membros da Otan, que nos últimos dias reforçaram o apoio à Ucrânia na guerra e irritaram a Rússia.
De acordo com a agência Associated Press (AP), o Ministério da Defesa russo confirmou que Putin deu ordens para a realização das manobras em resposta a “declarações provocativas e ameaças de certas autoridades ocidentais em relação à Federação Russa.”
Em entrevista à revista The Economist, o presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou o que havia dito em ao menos outras duas oportunidades, admitindo que o envio de soldados franceses ao território ucraniano é uma hipótese a ser considerada. Já o secretário das Relações Exteriores britânico, David Cameron, afirmou à agência Reuters que Kiev tem autorização para usar contra o território russo as armas que lhe forem fornecidas pelo Reino Unido.
Moscou reagiu. “Esta é uma escalada direta de tensão em torno do conflito ucraniano que pode potencialmente representar um perigo para a segurança europeia, para toda a arquitetura de segurança europeia”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, segundo relatou a rede Voice of America (VOA). “É aqui que vemos uma tendência tão perigosa de escalada de tensão nas declarações oficiais. Isso é motivo de preocupação para nós.”
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