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BPCães: Curso Especializado em Detecção Canina de Substâncias Afiando Narizes para o Combate ao Crime

Curso promovido pelo Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães) reúne policiais militares de diversos estados em treinamento intensivo. Entr...

Curso promovido pelo Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães) reúne policiais militares de diversos estados em treinamento intensivo.


Entre a teoria e a prática, o VI Curso de Detecção de Substâncias do Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães) oferece uma imersão de seis semanas para 30 militares, aprimorando suas habilidades na utilização de cães policiais para detectar narcóticos, explosivos e até mesmo pessoas. Com métodos inovadores como o Arcón, os participantes se especializam em treinar esses fiéis companheiros, aprimorando não apenas suas habilidades olfativas, mas também fortalecendo a segurança pública. Saiba mais sobre essa iniciativa que coloca em destaque o papel crucial dos cães na manutenção da ordem e segurança.



Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger

Com um faro aguçado e movimentos ágeis, em questão de segundos o perigo é detectado pelo cão policial – que, após fazer seu trabalho, já pode receber uma recompensa em estímulos positivos: carinho e brinquedos. Essa é a base do VI Curso de Detecção de Substâncias, promovido pelo Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães), uma referência nacional no treinamento canino.

Cães são treinados para detecção de explosivos e narcóticos, durante curso que conta com policiais do DF, Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão e Rio de Janeiro | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

A sexta edição do curso de seis semanas já começou e vai até o dia 24 deste mês, contribuindo para formação e especialização de 30 militares que trabalham como operadores de cães policiais. Desses, 25 são do Distrito Federal e os outros cinco dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Maranhão e Rio de Janeiro.

Passando por partes teóricas e práticas, os PMs têm contato com os animais e aperfeiçoam as técnicas de manutenção e aplicação de um cão-detecção, com um treinamento que se divide nas classes de narcóticos, explosivos e odor específico (para encontrar pessoas). O curso aborda desde o processo formativo e socialização do filhote (cães a partir de 45 dias) até a habilitação final do cão no emprego policial, respeitando todas as fases do animal.

Do DF para o Brasil

Atualmente, o BPCães conta com aproximadamente 30 cachorros de raças como pastor-belga-malinois, pastor-alemão e labrador

Entre os alunos que preencheram as cinco vagas disponibilizadas para outros estados, está o capitão da Polícia Militar do Maranhão Samarino Santana, que também é o comandante do canil com os cães policiais do estado. Ele afirma que o BPCães é uma polícia de referência no Brasil.

“A gente busca fazer esse tipo de curso mais especializado e focado na otimização dos recursos, que é a utilização do K9 [o cão policial] para detectar substâncias de forma mais rápida, usando um menor efetivo humano. O cão tem esse potencial de trazer à sociedade uma resposta otimizada, em menor tempo e com maior precisão”, pontua.

O policial ressalta que no Maranhão há 12 cães voltados para a detecção de substâncias: três para a detecção de explosivos, três para busca-captura e seis para encontrar armas e drogas. “É uma demanda que vem só crescendo no país, no meu estado não é diferente. Até então, a gente estava treinando apenas focado na detecção de entorpecentes e armas, mas, com as novas demandas e eventos internacionais, se faz necessário esse aprofundamento e o treinamento continuado de seus operadores”.

“O cão tem esse potencial de trazer à sociedade uma resposta otimizada, em menor tempo e com maior precisão”, diz o capitão da PM maranhense Samarino Santana, que participa do curso em Brasília

O segundo-tenente Fernando Henrique Dubinevics Filgueiras, comandante do 4º Pelotão da BPCães, também participa do curso e reforça a importância das forças de segurança estarem preparadas para as diversas situações que o batalhão pode vir a enfrentar, como os cenários de apreensão de drogas.

“O olho humano às vezes deixa passar muita coisa, desde explosivos até atentados terroristas. Pela segurança da população, é fundamental que a gente esteja preparado para dar uma resposta satisfatória, porque a população conta muitas vezes com esses cães. Então, eles estando bem-treinados, podemos ter a segurança de que a gente não está correndo algum risco maior”, observa.

O policial do DF recorda que o BPCães tem o curso de cinotecnia, uma inicialização no batalhão relacionado à criação, manejo e treinamento de cães para a atividade policial. A partir daí, para que o PM se torne um guia canino, é preciso buscar especialização nas áreas dentro do batalhão – tanto na busca e captura de suspeitos e pessoas desaparecidas quanto na parte de detecção, que é dividida em explosivos e substâncias narcóticas.

O primeiro-sargento da PMDF Israel Elias da Cunha é o monitor do curso

“O BP Cães realmente é uma referência em nível nacional, e a gente sente muito orgulho, porque nós temos instrutores que foram buscar conhecimento internacional em países como Canadá, Colômbia e Equador, montando uma doutrina específica que se difere e vem chamando a atenção de outros estados para vir aprender essa técnica aqui”, acrescenta Dubinevics.

Método Arcón

De acordo com o monitor chefe do curso, o primeiro-sargento da PMDF Israel Elias da Cunha, os policiais trabalham com o método Arcón, um sistema de treinamento para cães que prioriza autonomia e concentração dos animais no salvamento de pessoas soterradas.

A metodologia abrange sete técnicas condutuais, onde o cão trabalha sozinho, conseguindo desenvolver a própria estratégia de busca. São otimizados os níveis de motivação, concentração e autonomia. O sistema foi desenvolvido em 1994, após 12 anos de estudo, pelo bombeiro espanhol Jaime Parejo, tendo sido batizado com o nome do cão que o acompanhava nos resgates.

Atualmente o BPCães conta com cerca de 30 caninos, de filhotes a adultos, de raças que variam entre pastor-belga-malinois, pastor-alemão, labrador e também rottweiler. Elias frisa que, além de servir para salvar vidas em casos de resgate, o método também pode ser aplicado na detecção de explosivos e narcóticos, tendo em vista que explora ao máximo a capacidade olfativa e psíquica do animal.

“É um método com base em áreas colapsadas onde o acesso é difícil, que o cão consegue acessar sem interferências, por ter um menor peso e maior agilidade. Nós trouxemos esse treinamento para o Distrito Federal e o transformamos para a nossa realidade”, explica o militar.

Enquanto para os cães policiais tudo não passa de uma brincadeira, a recompensa para os operadores é uma sociedade mais segura. “É uma ferramenta de enfrentamento da segurança pública de forma qualificada ao crime que acomete a nossa sociedade. Só temos a agradecer pela oportunidade desse grande ensinamento e aprofundamento na área de detecção de substâncias, especializando os servidores públicos para poder servir melhor seus estados”, reforça o capitão Samarino Santana.

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