Debate sobre os Impactos Sociais e Econômicos do Crescimento do Autoatendimento nos Estabelecimentos Comerciais O crescimento do autoatendim...
Debate sobre os Impactos Sociais e Econômicos do Crescimento do Autoatendimento nos Estabelecimentos Comerciais
O crescimento do autoatendimento nos supermercados levanta questões sobre os impactos sociais e econômicos dessa tendência. Enquanto empresários buscam reduzir custos, trabalhadores temem pelo desemprego. No entanto, especialistas apontam que novas oportunidades podem surgir se forem criados novos cargos para otimizar a experiência dos clientes.
Caixas de autoatendimento no supermercado Pão de Açúcar - Foto / Divulgação |
Autoatendimento pode trazer novas oportunidades para os trabalhadores se, no lugar dos operadores de caixa, forem criados novos cargos
Por Márcio Ayer*
Como seria um mundo sem caixas registradoras, em que todas as lojas e supermercados tivessem apenas terminais de autoatendimento? Quais seriam os impactos para as empresas, consumidores e trabalhadores?
Os empresários têm sempre o lucro como objetivo. Em geral, enxergam no autoatendimento uma oportunidade para reduzir custos trabalhistas. No autoatendimento, os clientes ainda trabalham de graça para eles ao registrar e embalar as próprias compras.
Para os consumidores, resta também o incômodo de não contar com ninguém nas lojas para pedir informações sobre os produtos, tirar dúvidas e resolver questões como trocas e divergências de preços. Fora o fato de que lidar com sistemas de autoatendimento pode ser uma chatice, principalmente para os idosos e para as pessoas menos acostumadas à tecnologia.
O pior e mais óbvio impacto do atendimento, porém, cai sobre as cabeças dos trabalhadores e trabalhadoras das lojas que adotam esses sistemas, pois podem acabar ficando desempregados.
Toda evolução tecnológica exige responsabilidade com as questões sociais. O que vai muito além de simplesmente defender os empregos de operadores de caixa e empacotadores. Quando aumenta o desemprego e cai o volume de dinheiro em circulação na economia, o primeiro setor atingido é justamente o comércio, com a queda nas vendas. Com o autoatendimento, pode ser que o comerciante esteja dando um tiro no próprio pé.
Sem trabalho e renda, não há consumo. Depois de impactar as vendas, a crise atinge outros setores, com a diminuição das encomendas do comércio à agropecuária e às indústrias. Menos acionados, esses setores também demitem trabalhadores. Cria-se assim um círculo vicioso para toda a economia, com efeitos sociais terríveis e o aumento da desigualdade.
Não é preciso, porém, jogar fora a criança junto com a bacia e a água suja. Não se pode deter avanços da tecnologia, que vieram para ficar, assim como não podemos abrir mão do elemento humano nas relações de consumo. O que precisamos, nesse caso, é ter um novo olhar sobre esse modelo.
O autoatendimento pode trazer novas oportunidades para os trabalhadores se, no lugar dos operadores de caixa, forem criados novos cargos para otimizar a experiência dos clientes no momento da compra. Falo, por exemplo, de consultores de vendas e de apoio ao cliente, além dos técnicos que mantêm em funcionamento os terminais e sistemas de autoatendimento.
O comércio tem papel central em qualquer sociedade. É claro que não ficaria à margem da revolução tecnológica que está acontecendo em todo o mundo. Porém, é preciso ter responsabilidade quando o assunto é emprego e renda.
*Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Rio de Janeiro, Miguel Pereira e Paty do Alferes
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