Escritores residentes em Brasília ou que exploram a vida e questões da capital têm preferência nos acervos públicos do Distrito Federal, con...
Escritores residentes em Brasília ou que exploram a vida e questões da capital têm preferência nos acervos públicos do Distrito Federal, conforme a Lei nº 7.393/2024.
O Governo do Distrito Federal sancionou a Lei nº 7.393/2024, instituindo um programa de valorização de escritores brasilienses. Autores que vivem na capital ou abordam sua realidade em suas obras terão destaque nos acervos de órgãos e bibliotecas públicas. A medida inclui compras públicas, prêmios literários e incentivos à doação de obras. A Biblioteca Nacional de Brasília já inaugurou uma estante especial para autores locais.
Escritores que residem na capital ou que retratam a vida e as questões do Quadradinho passam a ter preferência nos acervos dos órgãos e bibliotecas públicas. Fotos: Joel Rodrigues / Agência Brasília |
Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira
Autores de Brasília e aqueles que retratam os detalhes e questões da capital e suas regiões administrativas terão um olhar especial do Governo do Distrito Federal. Com a sanção da Lei nº 7.393/2024, no último dia 10 de janeiro, foi criado o programa de valorização dos escritores e escritoras brasilienses. O objetivo é incentivar a difusão das obras literárias e privilegiar a inserção dessas histórias nos acervos dos órgãos e bibliotecas públicas do DF.
O programa define que são autores brasilienses todos aqueles que residem no Quadradinho ou que, morando fora, se identificam com a região e a abordam de alguma forma em sua obra. Os autores serão cadastrados na Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) para facilitar o acesso aos trabalhos.
A medida estabelece que as compras públicas deverão incluir um título de autoria brasiliense para cada dez livros adquiridos. Além disso, incentiva a realização de prêmios literários, exposição de obras de autores da capital, palestras e seminários. As bibliotecas públicas terão também que incentivar a doação de obras brasilienses para ampliação do acervo, bem como promover ações voltadas às escolas e bibliotecas públicas para a formação de novos leitores.
Para a diretora da Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), Marmenha Rosário, o programa é uma forma de fortalecer a atuação tanto dos novos escritores quanto dos mais antigos. “Temos uma literatura muito rica aqui no nosso quadradinho. Desde (Anderson) Braga Horta e Nicolas Behr, que são das primeiras gerações de Brasília, como também jovens talentos, como Lucas Marques, que recentemente ganhou o Prêmio Jabuti”, comenta. Os autores brasilienses ganharam uma estante especial no aquário de literatura do equipamento público.
O programa define que são autores brasilienses todos aqueles que residem no Quadradinho ou que, morando fora, se identificam com a região e a abordam de alguma forma em sua obra |
“Estamos reunindo as obras de autores de Brasília, que estão distribuídas pelo nosso acervo, na primeira estante do aquário. Assim, a primeira coisa que os nossos leitores vão ver quando entrarem serão os autores que escrevem sobre a nossa cidade”, explica Rosário. “Com a lei, poderemos chegar em todas as regiões administrativas, incentivando os escritores, mas, principalmente, fazendo com que o público conheça os nossos talentos e valorize a nossa cultura, a cultura do Distrito Federal”, acrescenta a diretora da BNB.
Conhecer para ler
Quatro dos títulos que integram a nova estante são da escritora e jornalista Clara Arreguy, 64 anos. Mineira de Belo Horizonte, ela chegou a Brasília em 2004. Desde então, já escreveu 30 obras e ajudou a lançar no mercado outras 90, por meio de sua editora, a Outubro Edições. “O cenário literário em Brasília é muito vibrante, a produção é muito pujante. Tem produção de todo tipo, tem poesia, romance, conto, crônica…”, conta.
A escritora avalia que a criação do programa significa ampliação do mercado literário e consolidação de obras que retratam diferentes lados da capital do país. “Não basta só que a gente seja lido, temos que ser comprados. A lei vem para nos ajudar na construção de espaços em que podemos ser conhecidos, porque ninguém quer ler alguém que não conhece”, observa.
O corretor de imóveis Samuel Cordeiro, 29 anos, é um dos leitores cadastrados na BNB. Para ele, que é da Bahia e mora em Sobradinho há menos de um ano, o projeto governamental é uma oportunidade de conhecer melhor a cidade. “É uma cidade fascinante e creio que os autores servem para difundir o conhecimento da região. Acho importante conhecer a região, as pessoas daqui, as histórias da cidade”, comenta.
Visite!
A Biblioteca Nacional de Brasília fica próxima à Rodoviária do Plano Piloto e ao Museu Nacional da República. O equipamento funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, e aos sábados e domingos, das 8h às 14h. Não há atividade nos feriados.
Para pegar um livro emprestado com a BNB, basta comparecer pessoalmente ao espaço, escolher o exemplar e fazer um cadastro nos balcões próximos aos aquários de livros, no 2º e 3º andar. É preciso apresentar documento oficial com foto e comprovante de residência. O catálogo de livros disponíveis pode ser acessado no sistema da biblioteca. Atualmente, pode-se levar emprestado para casa até cinco obras simultaneamente. O empréstimo dura 30 dias, podendo ser renovado duas vezes pelo mesmo período de forma online.
O clube de leitura ocorre nas últimas quartas-feiras do mês. Para participar, basta ter lido o livro do mês e comparecer ao encontro, marcado sempre para às 18h30, no auditório da biblioteca. Neste mês, a obra a ser analisada é O Som do Rugido da Onça, da escritora pernambucana Micheliny Verunschk. Em fevereiro, será a vez de Estorvo, romance de Chico Buarque. Mais informações podem ser obtidas no Instagram da Biblioteca Nacional. Confira aqui a lista de bibliotecas geridas pelo GDF.
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