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Estudo da UFF Revela Desigualdade Interna nas Favelas Brasileiras

Pesquisa Evidencia Diferenças Raciais e Econômicas Dentro das Mesmas Comunidades** Um estudo inovador da Universidade Federal Fluminense (UF...

Pesquisa Evidencia Diferenças Raciais e Econômicas Dentro das Mesmas Comunidades**


Um estudo inovador da Universidade Federal Fluminense (UFF), publicado na revista Cities, desmistifica a ideia de homogeneidade nas favelas brasileiras, revelando a existência de profundas disparidades econômicas e raciais dentro dessas comunidades. A pesquisa abrangeu 16 assentamentos informais em nove cidades brasileiras, evidenciando variações significativas na renda, raça, e acesso a serviços públicos.


Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) lançaram uma nova luz sobre a realidade das favelas brasileiras, desafiando a percepção comum de que estas comunidades são homogêneas. O estudo, liderado por Camila Carvalho e Vinícius Netto, do Departamento de Urbanismo da UFF, analisou 16 assentamentos informais em nove cidades de diferentes regiões do Brasil, incluindo Rio de Janeiro, Campinas, Belo Horizonte, Brasília, entre outras.

Os resultados, publicados na revista Cities, revelaram que, mesmo dentro das favelas, existem significativas disparidades raciais, de renda e de acesso a serviços. Os dados do Censo de 2010 utilizados no estudo mostraram a concentração de famílias com rendas mais altas em determinadas áreas dessas comunidades, enquanto outras áreas agrupam pessoas com renda mais baixa.

Nos complexos do Alemão e da Maré, no Rio de Janeiro, por exemplo, constatou-se que as áreas mais ricas da favela tinham um maior percentual de pessoas brancas em comparação com as áreas mais pobres. Além disso, foi identificada uma disparidade na oferta de serviços públicos essenciais, como coleta de lixo e esgotamento sanitário, com os setores mais abastados usufruindo de maior acesso a esses serviços.

Segundo Carvalho, o estudo buscou entender se os padrões de segregação observados nas cidades em termos de desigualdade entre bairros também se reproduziam dentro das favelas. Ela ressalta a importância de reconhecer essas diferenças internas nas favelas para o planejamento de políticas públicas mais eficazes. “Investir na favela não é suficiente se os investimentos se concentrarem em áreas que já possuem boa infraestrutura”, argumenta a pesquisadora.

O estudo também explorou como fatores como a valorização imobiliária e a topografia influenciam a segregação dentro das favelas. Áreas mais acessíveis e urbanizadas tendem a atrair residentes com rendas mais altas, enquanto regiões mais elevadas e de difícil acesso, como os morros, são geralmente mais desvalorizadas e habitadas por pessoas com menor renda.

Esta pesquisa oferece uma visão mais matizada das favelas brasileiras, destacando a necessidade de abordagens diferenciadas em políticas de desenvolvimento urbano, que levem em conta a diversidade e complexidade dessas comunidades.

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