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Teste nuclear da Rússia é um aviso do que está por vir

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Rússia realiza ataque nuclear simulado e confirma que deixará tratado internacional

Horas após a câmara alta do parlamento local confirmar a revogação da ratificação do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT, da sigla em inglês), a Rússia realizou um exercício militar que incluiu um ataque nuclear simulado, sob a supervisão do presidente Vladimir Putin. As informações são da agência Associated Press (AP).


A decisão do Legislativo russo anulou o Artigo 1º da lei que trata da ratificação do CTBT, efetivamente cancelando essa validação. Adotado há 27 anos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o tratado é o primeiro acordo global que proíbe todos os testes de armas de destruição em massa, sejam eles subterrâneos, na atmosfera, no espaço ou na água.

Moscou decidiu abandonar o acordo sob o argumento de que Washington, embora o tenha assinado, jamais o ratificou. Para vigorar efetivamente, o CTBT precisava ser ratificado por mais oito nações: China, Coreia do Norte, Egito, Índia, Irã, Israel, Paquistão e Estados Unidos. Após a decisão do parlamento russo, falta somente a assinatura de Putin para que a Rússia se junte às nações citadas.

Míssil russo com capacidade nuclear (Foto: facebook.com/mod.mil.rus)

O vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, reforçou o argumento que justifica a decisão do governo. “Lamentavelmente, não há indicações visíveis de que os EUA irão seguir este caminho (a ratificação do tratado). Por isso, não temos outra escolha que não equilibrar a nossa posição”, disse ele.

O diplomata russo Mikhail Ulyanov, representante do país nas agências nucleares internacionais em Viena, usou sua conta na rede social X, antigo Twitter, para dar a mesma explicação. “A Rússia planeja revogar a ratificação (que ocorreu no ano 2000) do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT). O objetivo é estar em pé de igualdade com os EUA, que assinaram o tratado, mas não o ratificaram. Revogação não significa intenção de retomar testes nucleares”, disse.

Quanto ao exercício militar, o ministro da Defesa Sergei Shoigu disse que o objetivo é simular “um ataque nuclear massivo com forças ofensivas estratégicas em resposta a um ataque nuclear do inimigo.” Putin supervisionou as manobras por videoconferência, segundo mostrou um vídeo da televisão estatal.

“Sob a liderança do Comandante Supremo das Forças Armadas Russas, Vladimir Putin, foi realizado um exercício de treinamento com as forças e equipamentos dos componentes terrestres, marítimos e aéreos das forças de dissuasão nuclear”, disse o Kremlin, segundo a rede Deutsche Welle (DW). “Durante o treinamento, ocorreram lançamentos práticos de mísseis balísticos e de cruzeiro”.

Agora, com a ratificação do CTBT prestes a ser efetivamente derrubada pela assinatura de Putin, o temor ocidental é o de que Moscou retome os testes nucleares, apesar da alegação em contrário de Ulyanov. Seria uma forma de a Rússia colocar pressionar o bloco liderado pelos Estados Unidos contra o apoio à Ucrânia na guerra em curso na Europa.
Ameaça crescente

Estudo publicado em junho deste ano pelo think tank sueco Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI na sigla em inglês) já havia alertado que a ameaça nuclear global aumentou consideravelmente entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, com uma quantidade maior de ogivas à disposição das forças armadas das grandes potências.

Em janeiro, o estoque global total ogivas era de 12.512, sendo que 9.576 estavam em estoques militares para uso potencial. Trata-se de um aumento de 86 ogivas operacionais em relação ao que se registrava em janeiro de 2022, indicando uma maior prontidão das grandes potências para um eventual ataque.

Dessas mais de 9,5 mil ogivas, 3.844 foram implantadas em mísseis e aeronaves. Já outras duas mil, quase todas pertencentes a Rússia ou EUA, são mantidas em alerta operacional máximo, o que significa que estão instaladas em mísseis ou mantidas em bases aéreas que hospedam bombardeiros nucleares.

O estudo mostra que Moscou e Washington continuam na liderança absoluta do ranking nuclear, com 90% de todas as ogivas do mundo. Os EUA tinham, em janeiro, 5.244 ogivas, sendo 1.938 instaladas em mísseis ou posicionadas em bases com forças militares operacionais. Outras 3.708 estariam armazenadas, exigindo algum trabalho para serem utilizadas, além de 1.536 aposentadas. No caso da Rússia, seriam 5.889 no total, sendo 1.674 ativas, 2.815 armazenadas e 1.400 aposentadas.

Segundo o estudo do SIPRI, a China já havia aumentado seu arsenal de 350 para 410 ogivas até janeiro de 2023, todas elas armazenadas. Recentemente, porém, o Pentágono afirmou que já são cerca de 500 as ogivas chinesas, e Beijing tem investido na construção de silos de mísseis que poderiam ser usados por artefatos com capacidade nuclear.

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