Em documentário, China projeta invasão de Taiwan e diz que soldados ‘dariam a vida’ Um documentário produzido pela emissora estatal chinesa ...
Em documentário, China projeta invasão de Taiwan e diz que soldados ‘dariam a vida’
Um documentário produzido pela emissora estatal chinesa CCTV, atualmente disponível inclusive no YouTube, destaca a capacidade de as forças armadas da China invadirem Taiwan, que Beijing considera parte de seu território. Na produção, soldados do Exército de Libertação Popular (ELP) se dizem dispostos a dar a própria vida pela anexação do território. As informações são da agência Associated Press (AP).
Dividido em oito partes, o documentário foi lançado em celebração aos 96 anos dos ELP. Foram coletados os depoimentos de dezenas de soldados, muitos dos quais oferecem a própria vida, se necessário for, para anexar Taiwan.
“Se a guerra estourasse e as condições fossem muito difíceis para remover com segurança as minas navais em combate real, usaríamos nossos próprios corpos para abrir um caminho seguro para nossas forças”, diz no vídeo o solado Zuo Feng, integrante da unidade de desarmamento de minas aquáticas da marinha do ELP.
O vídeo mostra também imagens de recentes manobras das forças armadas chinesas que serviram como treinamento para uma eventual invasão da ilha, embora especialistas digam que a China ainda não tem força militar suficiente para vencer um conflito, devido aos desafios que representa uma invasão anfíbia.
Exército chinês realiza exercício militar em agosto de 2021 (Foto: eng.chinamil.com.cn/)
Reação no Brasil
O documentário gerou uma manifestação de repúdio do movimento Democracia Sem Fronteiras Brasil (DSF Brasil), que classificou a belicosa iniciativa chinesa como “antidemocrática”, acrescentando que isso “incentiva e inflama o país”, incutindo um “sentimento totalitário e de guerra na população”.
“A criação em massa de um pensamento de apoio à guerra entre China e Taiwan pode acarretar uma série de riscos e consequências negativas, tanto a curto quanto a longo prazo. Como por exemplo a instabilidade geopolítica. Com a promoção de um discurso de apoio à guerra, pode-se aumentar a tensão entre as regiões, potencialmente levando a uma escalada de conflito”, observa o DSF Brasil.
Na visão do movimento, o vídeo gera “insegurança em todos os âmbitos diplomáticos”, enquanto um eventual conflito “poderia desestabilizar toda a região, afetando países vizinhos e criando um ambiente de incerteza”, inclusive com a possibilidade de “envolvimento de outras nações”.
A primeira parte do documentário pode ser assistida abaixo, com legendas em inglês.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.
A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em agosto. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.
O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.
Desde então, aumentou consideravelmente a expectativa global por uma invasão chinesa. Para alguns especialistas, caso do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, o ataque “não é iminente“. Entretanto, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou em outubro “que Beijing está determinada a buscar a reunificação em um cronograma muito mais rápido”.
As declarações do chefe da diplomacia norte-americana vão ao encontro do que disse o presidente chinês Xi Jinping no recente 20º Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC). “Continuaremos a lutar pela reunificação pacífica”, disse ele ao assegurar seu terceiro mandato à frente do país. “Mas nunca prometeremos renunciar ao uso da força. E nos reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias”.
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