Soldados russos se recusam combater e são detidos em condições ‘medievais’ Um soldado russo foi condenado na última quinta-feira (13) por in...

Soldados russos se recusam combater e são detidos em condições ‘medievais’

Um soldado russo foi condenado na última quinta-feira (13) por insubordinação juntamente com um grupo de recrutas. De acordo com uma agência de notícias independente russa, o grupo acusou seus superiores de trancá-los em um porão no leste da Ucrânia após se recusarem a lutar, sendo então submetidos a condições insalubres, com alimentação escassa. As informações são da rede Radio Free Europe.

Yevgeny Frolov foi condenado na cidade de Spassk-Dalny, localizada no extremo leste. A condenação coincidiu com a divulgação de novas imagens que supostamente apresentavam soldados russos capturados no país invadido. Eles teriam se recusado a avançar para a linha de frente devido à falta de equipamentos e apoio adequados por parte das forças armadas.

No vídeo, publicado no dia 8 de julho pelo Astra, um canal independente russo no Telegram, um homem é ouvido dizendo: “Estamos presos neste fosso por nos recusarmos a ir para a linha de frente”. As imagens mostram recrutas deitados em uma sala com aspecto de úmida e com paredes em ruínas.

Membros das forças armadas da Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

O homem acrescenta que não há comandantes para liderar o grupo na linha de frente e relata falta de equipamento, equipes de evacuação e rádios. Ele diz que é como se estivesse “sendo jogados na floresta como cães”.

As imagens representam a mais recente evidência da existência de mais de uma dúzia de instalações improvisadas utilizadas para punir soldados russos que se negaram a lutar em território ucraniano. Os homens identificados no vídeo são membros da 60ª Brigada Separada de Fuzileiros Motorizados da Rússia.

Frolov estava entre um grupo de recrutas russos mantidos em um porão similar na vila de Zavitne Bazhannya, localizada no território controlado pela Rússia na região leste de Donetsk, conforme relatado pelo Astra.

Tortura “medieval”

Segundo Yelena Popova, uma ativista pelos direitos dos soldados russos, o principal objetivo de forçar esses soldados a permanecerem em tais instalações é obrigá-los a voltar para o front de batalha.

Ela destacou que um comandante em uma zona de guerra não precisa prender os soldados, mas sim “fazê-los matar e morrer” naquele momento. Por isso, recorrem a métodos tão selvagens, o que ela descreve como uma prática “simplesmente medieval”.

Popova observou que os soldados sujeitos a essas punições também relutam em buscar uma solução legal.

“Eles passaram por um longo período de estresse, em uma situação em que a lei não tem efetividade, prevalecendo apenas a força e a violência”, explicou.

Os familiares dos recrutas mostrados no vídeo do porão, divulgado na semana passada, relataram ao Astra que não conseguiram entrar em contato com os soldados após a publicação do vídeo. A situação pode indicar sérias violações dos direitos dos soldados.