Rússia condena por semana uma média de cem pessoas que se recusam a lutar na Ucrânia Nos primeiros seis meses de 2023, a Justiça da Rússia e...
Rússia condena por semana uma média de cem pessoas que se recusam a lutar na Ucrânia
Nos primeiros seis meses de 2023, a Justiça da Rússia emitiu mais de duas mil sentenças condenatórias contra cidadãos que se recusaram a servir às forças armadas na guerra da Ucrânia. A média é de mais de cem condenações por semana, de acordo com levantamento do site independente Mediazona.
Na comparação com os anos anteriores, fica evidente o aumento da repressão aos recrutas rebeldes. Isso porque foram sentenciadas nos primeiros seis meses de 2023 mais que o dobro de pessoas na comparação com todo o ano passado.
O crime, oficialmente chamado de “abandono de unidade”, tem pena de até dez anos de prisão.
Também chama a atenção no levantamento, além da própria estatística de 2.076 condenações, o fato de que, desde o mês de março, a maioria dos casos não envolve os soldados profissionais russos. Os réus geralmente são cidadãos convocados na campanha de mobilização do presidente Vladimir Putin, iniciada em setembro do ano passado.
Se as condenações por “abandono de unidade” explodiram nos últimos meses, outros crimes militares seguem sendo registrados no mesmo ritmo de anos anteriores. São situações como rendição voluntária às forças inimigas, saque e pilhagem.
A mobilização parcial continua valendo legalmente, embora Putin tenha anunciado que a campanha de recrutamento foi suspensa após atingir a marca de 300 mil cidadãos adicionados às forças armadas.
Fugas e protestos
Desde o início já havia ficado claro que os russos não receberam bem a mobilização. Milhares de pessoas fugiram da Rússia logo após o anúncio feito pelo Kremlin, com fronteiras lotadas em países como Geórgia, Mongólia e Cazaquistão.
Protestos populares contra o governo também voltaram a ser registrados nas ruas do país. Tal movimento não se via desde março de 2022, quando Moscou passou a punir mais severamente os manifestantes pelo crime de “desacreditar o uso das forças armadas”.
Somente na primeira semana que sucedeu o anúncio da mobilização, a ONG OVD-Info, que monitora a repressão estatal na Rússia, registrou quase 2,5 mil detenções em protestos populares. Um número que tende a ser subnotificado, vez que foram divulgados apenas os dados referentes a nomes que a entidade confirmou com base em listas fornecidas pelas autoridades.
Em meio à mobilização, voltaram a ser comuns em toda a Rússia as cenas de policiais usando a força para deter manifestantes nas ruas, algo que não vinha acontecendo nos meses anteriores devido à forte repressão estatal à dissidência.
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