Wagner Group desmente Moscou e anuncia 20 mil mortes em Bakhmut Definitivamente, o governo da Rússia e o Wagner Group não estão em sin...
Wagner Group desmente Moscou e anuncia 20 mil mortes em Bakhmut
Definitivamente, o governo da Rússia e o Wagner Group não estão em sintonia. O empresário Evgney Prigozhin, que chefia a organização paramilitar privada, desmentiu Moscou ao divulgar que 20 mil de seus mercenários foram mortos na cidade de Bakhmut, leste da Ucrânia, onde vêm sendo travadas algumas das mais sangrentas batalhas da guerra iniciada em 24 de fevereiro de 2022. As informações são da agência Associated Press (AP).
Os números citados por Prigozhin contrariam o balanço oficial do governo russo, que diz ter registrado seis mil mortes ao longo de toda a guerra. No caso dos membros do Wagner mortos em Bakhmut, dez mil seriam ex-criminosos que aceitaram combater em troca do perdão estatal por seus crimes. Os outros dez mil mortos seriam mercenários regulares contratados.
A revelação feita por Prigozhin joga alguma luz sobre um tema bastante controverso, o das baixas russas na guerra. Moscou não divulga números confiáveis, e estimativas feitas por governos ocidentais têm sido a principal fonte de informação sobre o assunto.
No início de maio, o governo norte-americano disse que ao menos 20 mil soldados russos foram mortos somente nos últimos cinco meses de guerra na Ucrânia, com outros cerca de 80 mil feridos em combate. Na ocasião, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, disse que metade dos mortos é de militares regulares a serviço das forças armadas, e a outra metade, mercenários do Wagner Group.
Prigozhin x Putin
A mais recente manifestação de Prigozhin reforça a ideia de distanciamento entre ele e o presidente Vladimir Putin, de quem já foi um importante aliado. O empresário tem constantemente mostrado insatisfação com o governo, a ponto de ter proferido ofensas aparentemente endereçadas ao líder russo.
A principal reclamação do empresário é sobre a falta de munição entre seus mercenários, que ele atribui à má gestão das forças armadas. Devido ao problema, chegou a ameaçar tirar o Wagner Group de Bakhmut, mas voltou atrás sob a ameaça de ser acusado de deserção e, consequentemente, traição.
Então, durante vídeo em seu movimentado canal no Telegram, por ocasião do feriado russo de 9 de maio, devolveu a acusação de traição, endereçando-a aos políticos russos. E jogou no ar uma pergunta cuja interpretação não deu muita margem a dúvida: “E se o avô for um verdadeiro idiota?”, declara ele nas imagens, referindo-se provavelmente a Putin.
A rebeldia de Prigozhin tem levado especialistas e especularem diferentes destinos para ele. Em artigo publicado no início de março pela rede CNN, a jornalista Candace Rondeaux declarou que o empresário “está sendo alternadamente falado como um rival em potencial do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ou um alvo de assassinato”.
Quanto à organização paramilitar que Prigozhin comanda, Vlad Mykhnenko, especialista na transformação pós-comunista da Europa Oriental e da ex-União Soviética, pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, sugere que ela pode acabar sendo incorporada pelo Kremlin.
O analista cita como indício o fato de que os generais russos Roman Gavrilov, ex-vice-comandante da Guarda Nacional, e Mikhail Mizintsev, ex-vice-ministro da Defesa, foram contratados pelo Wagner após terem sido supostamente demitidos pelo governo.
“Prigozhin deve ter pensado que essas ações fortaleceriam o poder do Wagner dentro da máquina burocrática russa. No entanto, poderia ser tanto um prelúdio ou início da ‘tomada hostil’ do Wagner pelo Kremlin”, disse Mykhnenko. “Mizintsev pode ter sido implantado de propósito para assumir o controle”, acrescentou.
Quanto ao empresário, o analista concorda com a segunda alternativa levantada pela jornalista Candace Rondeaux. “Apostaria em Prigozhin sendo encontrado morto em um ‘suicídio’ encenado pelo Estado russo, com uma pistola na mão e uma nota de suicídio ridícula”, disse ele.
O especialista até sugere um roteiro alternativo, digno de filme de ação, para conclusão da história. “Moscou também poderia fornecer à Ucrânia a geolocalização precisa de Prigozhin dentro de um alcance de foguete Himars de 70 quilômetros para acabar com ele e fornecer um ‘heroico’ impulso de recrutamento de propaganda para o ‘novo’ emasculado Wagner.”
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