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Prevenção e medidas de segurança podem evitar tragédias como a do Ninho do Urubú

Fãs prestam homenagem aos jogadores vítimas da tragédia no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu. Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Ag...

Fãs prestam homenagem aos jogadores vítimas da tragédia no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu.
Fãs prestam homenagem aos jogadores vítimas da tragédia no Centro de Treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu. Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil

Tragédia que matou dez jovens entre 14 e 17 anos no CT do Flamengo completa 4 anos nessa quarta-feira dia

Por Emerson Tormann*

Ao completar quatro anos do trágico incêndio no Centro de Treinamento da categoria de base do Flamengo, o Conselheiro do Conselho Regional dos Técnicos Industriais da 1ª Região - CRT01 Emerson Tormann destaca a importância de adotar medidas preventivas, assim como alertar sobre a importância de contratar profissionais técnicos habilitados.

Imagens capturadas pelo circuito interno de câmeras mostra momento das chamas / Divulgação

No dia 8 de fevereiro, completam-se quatro anos de uma das maiores tragédias do esporte brasileiro: dez jogadores de futebol das categorias de base do Flamengo morreram em um incêndio no Centro de Treinamento George Helal, popularmente conhecido como Ninho do Urubú, em Vargem Grande/RJ.

Segundo a perícia, a chama começou em um curto-circuito no ar condicionado, que se alastrou rapidamente devido à estrutura das paredes que revestiam os contêineres serem compostas por espuma de poliuretano injetado, material altamente inflamável.

Incêndio de grandes proporções atingiu o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo em Vargem Grande / RJ - Veja foto original o site do GE

Também foram denunciados vários agravantes, como a situação dos alojamentos, irregularidades na fiação elétrica, entre outras. De acordo com o relatório em poder da Justiça, a situação era de "alta relevância e de grande risco". E pontos como os "disjuntores" e o "quadro elétrico atrás do alojamento da base" precisavam de "atendimento emergencial".

“Os e-mails mostram que os representantes do Flamengo (em especial o gerente e o diretor responsáveis pela administração do CT) tinham ciência, desde maio de 2018, das gambiarras nas instalações elétricas do alojamento da base, tendo o gerente dito que as instalações foram executadas no esquema ‘faça-de-qualquer-jeito'. [G1 RJ]

Os e-mails também comprovam que o Flamengo sabia do risco de morte a que estavam submetendo os adolescentes alojados ali e nada fizeram para evitar a morte de dez jovens e lesões corporais em tantos outros.Esses documentos são a prova inconteste da irresponsabilidade do clube, de não contratar empresa e profissionais habilitados para a construção do alojamento. 

Entre as diversas irregularidades encontradas pela perícia, a falta de manutenção periódica dos aparelhos de ar condicionado, ausência de saída de emergência no local e o uso inadequado dos contêineres como dormitórios, são apontadas como os principais agravantes do desastre.

A Norma Regulamentadora NR-18, por exemplo, proíbe o uso de contêineres de transporte de cargas na área de vivência desde fevereiro de 2022, quando foi atualizada. A norma também determina que projeto da área de vivência deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado.
Passados quatro anos, chegamos a este momento de reflexão: Como evitar definitivamente tragédias semelhantes a esta?

A resposta é simples a medida em que consideramos outro fator preponderante nestas situações: a falta de critérios técnicos e profissionais habilitados. Assim, a melhor maneira de se prevenir contra incêndios e outros acidentes, é garantir que as instalações, construções, reformas e manutenções sejam feitas apenas por profissionais habilitados, legalmente registrados em seus conselhos profissionais.

De acordo com o Conselheiro do CRT01, Técnico Industrial em Eletrônica, Emerson Tormann, “o que deve ficar claro é que não foi um defeito no aparelho de ar condicionado que causou o incêndio, mas sim a instalação improvisada de quadros e equipamentos elétricos por pessoas não gabaritadas para execução do serviço. Se o clube tivesse contratado empresa e/ou profissional com responsabilidade técnica, a tragédia teria sido evitada”, reforça.

Foto: Emerson Tormann
Seletor de Comando Elevador Atlas Villares de 1975 sob inspeção em bloco da Asa Sul, Brasília / DF

Essa atitude, a de contratar somente profissionais habilitados, é capaz de mitigar o risco e reforçar a segurança exigida para execução de serviços especializados de engenharia. As garantias do serviço também dependem da capacidade técnica do profissional, do respeito às normas técnicas brasileiras seguido do cumprimento da legislação vigente e seguro de obra.

O histórico de tragédias espalhadas por todo Brasil não pode ser esquecido para que não se repitam assim como foi o acidente emblemático da Boate Kiss, que completou 10 anos em janeiro de 2023. Este, inclusive deu origem a Lei Kiss (como é chamada a Lei nº 13.425, de 30 de março de 2017) e foi um dos piores exemplos de falta de critérios técnicos de engenharia e planejamento da segurança contra incêndios.

Boate Kiss - Espaço ficou destruído após incêndio ocorrido em 27 de janeiro de 2013 - FOTO: FACEBOOK / REPRODUÇÃO E POLICIA CIVIL / DIVULGAÇÃO

Portando, temos de reforçar o alerta e esclarecer a sociedade sobre a obrigação de contratar profissionais habilitados, com experiência comprovada, devidamente registrados em conselho de classe e que priorizam as boas práticas de engenharia.

A responsabilidade é de todos, até mesmo de quem contrata o serviço, pois o desconhecimento de leis e regulamentos não justifica nem autoriza cometer irresponsabilidades. Contratar profissionais habilitados é obrigação de todos e o único caminho para a prevenção de futuros acidentes.

*Emerson Tormann é especialista em inspeção predial e fornece laudos técnicos de instalações elétricas, sistema de proteção contra raios, elevadores, CFTV, sistemas de comunicação e internet, telecomunicações e telefonia. Ligue (61)99993-9155 e saiba mais.

Reportagens de emissoras de TV mostram que após 4 anos, ninguém foi condenado pelo incêndio no Ninho do Urubu


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Saiba mais: Como estão os sobreviventes do incêndio no Ninho do Urubu após quatro anos

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