Lavrov afasta possibilidade de paz e diz que o Ocidente está em guerra com a Rússia ‘há muito tempo’ Sergei Lavrov cita atuação de EUA e UE ...
Lavrov afasta possibilidade de paz e diz que o Ocidente está em guerra com a Rússia ‘há muito tempo’
Sergei Lavrov cita atuação de EUA e UE na queda de Viktor Yanukovych e diz que Moscou não aceita abrir mãos das regiões ucranianas anexadas
“O Ocidente coletivo, que é liderado por uma potência nuclear, os Estados Unidos, está em guerra conosco”. A frase foi dita na quarta-feira (28) pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que também afastou a possibilidade de um acordo de paz com a Ucrânia. Ele se manifestou em entrevista a uma emissora estatal russa, cujo conteúdo foi reproduzido pela agência local Tass.
De acordo com o chefe da diplomacia de Moscou, a guerra contra o Ocidente “foi declarada contra nós há muito tempo, após o golpe de Estado na Ucrânia orquestrado pelos Estados Unidos e, de fato, apoiado pela União Europeia (UE)”.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em coletiva de imprensa em Madri, Espanha, novembro de 2018 (Foto: Divulgação/Ministério das Relações Exteriores da Espanha)
O “golpe” ao qual Lavrov se refere foi o movimento Maidan, também conhecido como a Primavera Ucraniana, uma onda de protestos populares que ocorreu entre 2013 e 2014 e culminou com a deposição do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, apoiado pelo Kremlin.
Na visão de Moscou, o levante popular foi orquestrado por agências de inteligência norte-americanas e europeias, pouco após Yanukovych abandonar os planos de integração da Ucrânia à UE e optar por se associar à União Econômica da Eurásia, encabeçada pela Rússia. Apontado como líder de um governo fantoche submisso ao Kremlin, o então presidente acabou derrubado e fugiu para Moscou.
Rússia x EUA
As palavras de Lavrov contra o Ocidente surgem poucos dias após Washington confirmar o envio de um novo pacote militar a Kiev, anúncio feito durante a visita recente do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à Casa Branca. O principal componente da lista de armas é o avançado sistema de defesa antiaérea Patriot.
Entretanto, o ministro russo russo disse que o envolvimento dos EUA no conflito continuará se resumindo ao envio de material bélico. Ele disse ter conversado com Washington “pelos canais que nossa embaixada ainda possui”. E questionou se militares norte-americanos seriam enviados para ensinar os ucranianos a operar o complexo sistema Patriot.
“Disseram-nos longamente que isso não está sendo planejado especificamente, porque os americanos não querem e não vão lutar diretamente contra a Rússia”, afirmou Lavrov. “Os sistemas Patriot serão implantados dentro de vários meses, à medida que os militares ucranianos se familiarizarem com essa tecnologia”, prosseguiu.
Paz mais distante
Outro assunto que opôs russos e norte-americanos nos últimos dias foi a possibilidade de um acordo de paz que venha a dar fim à guerra iniciada em 24 de fevereiro. Na quinta-feira passada (22), o presidente Vladimir Putin disse que Moscou quer o fim do conflito e que o cessar-fogo passa necessariamente por uma solução diplomática. Washington contestou a declaração, dizendo que as ações do líder russo mostram “exatamente o contrário”.
Nesta quinta (29), Lavrov afastou ainda mais a possibilidade de um acordo e culpou a Ucrânia pelo fracasso, dizendo que as exigências do vizinho são inaceitáveis. “É óbvio que Kiev não está pronta para o diálogo”, disse ele à agência estatal RIA Novosti, cujo conteúdo foi reproduzido pela revista Newsweek.
“Apresentando todo tipo de ideias e ‘fórmulas de paz’, Zelensky alimenta a ilusão de conseguir, com a ajuda do Ocidente, a retirada de nossas tropas dos territórios russos de Donbass, Crimeia, Zaporizhzhya e Kherson, o pagamento de reparações pela Rússia, a rendição a tribunais internacionais e afins”, afirmou o ministro. “É claro que não falaremos com ninguém nessas condições”, sentenciou.
A ‘fórmula de paz’ foi sugerida por Zelensky em novembro, em um discurso virtual na cúpula do G20. Ele listou condições para que um acordo fosse estabelecido, entre elas a segurança nuclear, a segurança energética, a libertação de prisioneiros e civis deportados, a retirada integral das tropas russas e a restauração da integridade territorial da Ucrânia.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, já havia dito na quarta-feira (28) que tais condições são inaceitáveis. Segundo ele, não pode haver plano de paz “que não leve em conta a realidade de hoje em relação ao território russo, com a entrada das quatro regiões na Rússia”. E reforçou a posição de Lavrov: “Nenhum plano que não leve em conta essa realidade pode se dizer pacífico”.
Nenhum comentário
Obrigado por contribuir com seu comentário! Ficamos felizes por ser nosso leitor! Seja muito bem vindo! Acompanhe sempre as nossas notícias! A equipe Tribuna do Brasil agradece!