Empresa de análise estima que nove mil pessoas morrem diariamente de Covid na China Dados divulgados por Beijing se baseiam em critério rest...
Empresa de análise estima que nove mil pessoas morrem diariamente de Covid na China
Dados divulgados por Beijing se baseiam em critério restritivo e apontam pouco mais de cinco mil óbitos em toda a pandemia
Na semana passada, a empresa britânica de análise de dados de saúde Airfinity divulgou uma estimativa segundo a qual cinco mil pessoas estavam morrendo diariamente de Covid-19 na China. Um novo balanço, divulgado na quinta-feira (29), indica que, sete dias depois, a situação piorou bastante, e o país asiático tem registrado possivelmente nove mil mortes diárias devido à doença.
Como Beijing passou ultimamente a oferecer dados limitados sobre a disseminação do novo coronavirus, adotando um critério incompleto de registro das mortes, as estatísticas oficiais do governo não dão a real noção do problema enfrentado pelo país atualmente.
Oficialmente, apenas dez pessoas morreram vitimadas pela Covid desde dezembro na China, com 5.246 mortes registradas ao longo de toda a pandemia, iniciada em 2020. A Airfinity, por sua vez, fala em cem mil mortes somente neste mês de dezembro, com 18,6 milhões de pessoas infectadas no período.
Centro temporário de controle da Covid em Xangai, março de 2022 (Foto: WikiCommons)
O atual surto da doença começou no final de novembro e piorou a partir de 7 de dezembro, dia em que o governo suspendeu subitamente os radicais bloqueios antes impostos à população para controlar a propagação da doença.
Entre as medidas de flexibilização, doentes assintomáticos ou com sintomas leves são autorizados a se isolar em casa, não mais em instalações do governo. Testes de PCR e o aplicativo de monitoramento de saúde deixaram de ser obrigatórios para acessar locais públicos. Já os bloqueios de rua, que antes atingiam distritos inteiros, agora são menores, concentrados em andares ou edifícios específicos.
Um dos problemas do afrouxamento das medidas é o fato de que os cidadãos ficaram trancados durante muito tempo, o que reduziu entre os chineses a imunidade natural encontrada em outros países. Aumenta a preocupação a baixa taxa de vacinação entre os idosos, sendo que apenas 40% das pessoas a partir dos 80 anos receberam a terceira dose da vacina.
Com a explosão de casos desde a reabertura, o governo passou a adotar estratégias que reduzem artificialmente o número de infecções e mortes por Covid-19. Casos assintomáticos não são mais contabilizados, e apenas os óbitos causados por pneumonia ou insuficiência respiratória são considerados. Assim, ficam fora das estatísticas oficiais as mortes de pessoas com doenças pré-existentes e infectadas pelo novo coronavírus.
A medida segue um padrão conservador adotado habitualmente na China e diferente do que fazem os demais países. Nos Estados Unidos, por exemplo, qualquer morte em que a Covid-19 tenha sido um fator determinante deve ser contabilizada como tendo sido causada pelo novo coronavírus.
Diante desse cenário, a projeção da Airfinity é pessimista. O pico do atual surto tende a ocorrer no dia 23 de janeiro, com 25 mil mortes diárias. Até abril, a projeção é de que 1,7 milhão de pessoas tenham morrido em virtude da doença na China.
O surto atual não preocupa apenas os chineses. O governo norte-americano alertou mais de uma vez que o problema pode se espalhar por todo o mundo. Segundo Anthony Fauc, consultor médico da Casa Branca, o risco é o de que novas variantes da Covid surjam por lá e posteriormente se espalhem.
A preocupação foi reforçada por Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. “Vimos isso ao longo de muitas mutações diferentes desse vírus, e certamente é outra razão pela qual estamos tão focados em ajudar países ao redor do mundo a lidar com a Covid”, disse ele.
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