Fonte que pediu anonimato afirmou que uma eventual agressão nuclear russa levaria a 'consequências sem precedentes'
A possibilidade de a Rússia lançar um ataque nuclear contra a Ucrânia, levantada pelo presidente Vladimir Putin e seus aliados nas últimas semanas, segue na pauta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). E, caso a ameaça venha a se concretizar, receberá uma “resposta física”, segundo uma autoridade da aliança atlântica que falou sob condição de anonimato ao portal
Yahoo.
Segundo a fonte, que se manifestou pouco antes de uma reunião do grupo que aborda a questão nuclear dentro da aliança, uma eventual agressão nuclear russa geraria “consequências sem precedentes” e “quase certamente atrairia uma resposta física de muitos aliados, potencialmente da própria Otan”.
Entretanto, a autoridade diz não ver, ao mesmo neste momento, um risco real, servindo tal ameaça de Moscou apenas para amedrontar os aliados de Kiev e assim tentar reduzir o papel das forças ocidentais na guerra em andamento na Europa.
Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg | Foto: NATO
“Consequências catastróficas”
O risco de a guerra tornar-se nuclear aumentou após a anexação de regiões ucranianas anunciada por Putin no final de setembro. Na ocasião, Putin afirmou que faria uso “de todos os sistemas de armas disponíveis” caso houvesse “uma ameaça à integridade territorial de nosso país”.
Jake Sullivan, conselheiro de segurança de Washington, disse na ocasião que o governo Biden leva “muito a sério” a ameaça. E alertou Moscou para as “consequências catastróficas” do uso de armas nucleares, que entraram em cena pela primeira e última vez em um campo de batalhas em 1945, quando os EUA atingiram Hiroshima e Nagasaki.
Assim como a fonte confidencial da Otan, porém, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse na quarta-feira (12) que o risco de um ataque nuclear não parece próximo. “Não vimos nenhum indicador neste momento que nos levasse a acreditar nisso”, afirmou ele.
Em meio à incerteza, a Otan mantém os planos de realizar na próxima semana seu exercício anual de alerta nuclear, no qual os EUA testam seus jatos para a possibilidade de usar as ogivas posicionadas na Europa, sem, no entanto, realizar qualquer disparo real.
“É um exercício para garantir que nossa dissuasão nuclear permaneça segura, protegida e eficaz”, disse o chefe da aliança, Jens Stoltenberg, acrescentando que o eventual cancelamento do exercício enviaria “um sinal muito errado”.
Por que isso importa?
Segundo analistas, em caso de um ataque nuclear, o mais provável seria o uso pela Rússia de armas táticas, cujo alcance é reduzido e a precipitação radioativa se limita a cerca de um quilômetro. Diferente das armas nucleares estratégicas, capazes de destruir cidades inteiras como em 1945, as táticas servem para aniquilar posições estratégicas ucranianas.
Calcula-se que a Rússia tenha à disposição de suas forças armadas cerca de 1,9 mil ogivas nucleares táticas, o maior arsenal do tipo no mundo. Tais armas podem ser disparadas pela maioria dos jatos das forças armadas russas, bem como por lançadores de foguetes e mísseis convencionais.
“Quase todas as armas dos russos têm capacidade nuclear. Se for um sistema de artilharia, se for um sistema de defesa aérea, se for um torpedo, se for um míssil de cruzeiro, pode ter uma arma nuclear”, disse ao site
Politico um ex-funcionário sênior do Conselho de Segurança Nacional que ainda assessora o Comando Estratégico dos EUA e não quis se identificar.
O eventual ataque poderia, inclusive, sequer partir do território russo. No final de agosto, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, direcionou uma ameaça clara ao Ocidente ao anunciar que as forças armadas do país modificaram seus aviões militares para que sejam capazes de carregar ogivas nucleares.
A decisão de modernizar as aeronaves foi tomada em parceria com Putin, de quem Lukashenko é aliado. E, considerando que Belarus não tem arsenal nuclear, os aviões seriam usados para transportar armas de Moscou.
FONTE: AREFERENCIA.COM | EDIÇÃO: REDAÇÃO GRUPO M4
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