Lego encerra operações na Rússia e anuncia o fechamento de suas 81 lojas Para contornar a fuga de empresas, Moscou criou uma lista de produt...
Lego encerra operações na Rússia e anuncia o fechamento de suas 81 lojas
Para contornar a fuga de empresas, Moscou criou uma lista de produtos que podem ser importados sem o consentimento do fabricante
A dinamarquesa Lego, maior fabricante de brinquedos do mundo, engrossou a lista de empresas ocidentais que decidiram encerrar as operações na Rússia em função da invasão do país à Ucrânia. As informações são do jornal independente The Moscow Times.
Nesta terça-feira (12), a Lego informou que encerraria a parceria com uma companhia russa responsável pela operação de suas 81 lojas no país. Disse, ainda, que pretende romper os contratos da maioria dos funcionários.
De acordo com um porta-voz, a empresa decidiu “cessar indefinidamente as operações comerciais na Rússia, devido à contínua e extensa interrupção no ambiente operacional”. As entregas de produtos ao país estavam interrompidas desde março.
A Inventive Retail Group, empresa russa que operava as lojas, confirmou a rescisão de contrato com a companhia da Dinamarca. E acrescentou: “Nossa empresa continuará trabalhando como especialista na categoria de brinquedos de construção e educativos”.
A fim de conter a debandada de empresas ocidentais, o governo russo criou uma lista de empresas cujos produtos podem ser importados sem o consentimento do fabricante. A Lego faz parte da relação, bem como as fabricantes de celulares Apple e Samsung.
Praça Vermelha, em Moscou, reproduzida com peças de Lego (Foto: Wikimedia Commons)
Por que isso importa?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
A debandada tem prejudicado o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.
No setor de alimentação, o McDonald’s recentemente vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.
Loja do McDonald’s na Rússia (Foto: Wikimedia Commons)
Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.
Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.
A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade e, depois disso, não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.
No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.
Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones e iPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.
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