Fernando Liu, presidente da Huawei Cloud Latin America, anunciou a estratégia da Huawei Cloud na América Latina. Ele disse que, no futuro, o crescimento da indústria da internet latino-americana será impulsionado pelas indústrias de fintech – junção das palavras financial (financeiro) e technology (tecnologia) –, educação online, comércio eletrônico e entretenimento.
“A educação é a pedra angular da sociedade e cultiva talentos de vários setores. O comércio eletrônico e o entretenimento são dois grandes impulsionadores do crescimento econômico na América Latina. Ao mesmo tempo, a fintech se tornou o motor dessas indústrias emergentes, tornando o consumo pessoal e transações comerciais mais convenientes”, disse Liu.
Atualmente, a Huawei Cloud possui três regiões principais no Brasil, Chile e México, duas regiões de países na Argentina e Peru e um total de oito AZs (zonas de disponibilidade, da sigla em inglês) na América Latina. A plataforma de serviços de computação em nuvem teve um aumento de 103% em clientes e 91% em parceiros no continente em 2021.
“Seguiremos em frente para navegarmos pelo ‘novo crescimento'”, disse Liu, fazendo menção ao tema do evento. “E trabalharemos para contribuir para um próspero setor de internet na região”, acrescentou. Capacitar as indústrias de tecnologia de ponta, entretenimento, comércio eletrônico e educação fazem parte desse plano, segundo ele.
Em 2022, a Huawei Cloud prevê aumento no investimento na região. Segundo a marca, o objetivo é facilitar o crescimento de empresas locais de internet e trazer melhores tecnologias e serviços aos clientes, promovendo sua busca de fornecer ao conceito de “tudo como um serviço” para a América Latina.
No Brasil
A presença da Huawei na infraestrutura de telecomunicações brasileira é enorme. Por exemplo, são da empresa mais de 80% das antenas que retransmitem o sinal das atuais redes 2G, 3G e 4G. Assim, o custo de uma eventual transição para outra companhia seria proibitivo. A aceitação da Huawei também se deve ao fato de a China ser o principal parceiro comercial do país e uma proibição levaria a sanções de Beijing. A Suécia, por exemplo, baniu a empresa de sua rede 5G e o consequente boicote à Ericsson imposto por Beijing levou os suecos a reduzirem suas operações no país asiático.
No Brasil, a alternativa encontrada pelo governo, a fim de reduzir o impacto de eventuais brechas de segurança, foi a criação de uma rede 5G governamental exclusiva, sem a presença de infraestrutura chinesa. “Hoje, a Huawei não está apta a participar da rede privativa, segundo o que foi colocado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e pela nossa portaria”, disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria, no início de novembro, quando foi realizado o leilão das bandas de 5G.
Na contramão da história
O aumento da presença da Huawei no Brasil vai na contramão da tendência global. A desconfiança que recai sobre a empresa é baseada em teorias sobre sua proximidade com o governo chinês. Autoridades ocidentais citam a Lei de Inteligência Nacional da China, de 2017, segundo a qual as empresas nacionais devem “apoiar, cooperar e colaborar com o trabalho de inteligência nacional”, o que poderia forçar particularmente a gigante da tecnologia a trabalhar a serviço do Partido Comunista Chinês (PCC).
Em 2020, parlamentares britânicos afirmaram em um relatório que a Huawei está “fortemente ligada ao Estado e ao PCC, apesar de suas declarações em contrário”. Diante disso, a empresa tem enfrentado crescente desconfiança na construção de redes 5G em todo o mundo, com a implantação rejeitada em vários países, que temem o uso da infraestrutura da companhia para espionagem.
As especulações referentes aos produtos de vigilância da Huawei ganharam força no final de 2021 em meio a temores na China e no mundo sobre as consequências do uso maciço do reconhecimento facial e de outros métodos de rastreamento biométrico. E, ao mesmo tempo em que o PCC continua a confiar em tais ferramentas para erradicar a dissidência e manter seu regime de partido único, ele alerta sobre o uso indevido de tecnologias no setor privado.
Em 2021, após pressão de Beijing, a Huawei e outros gigantes da tecnologia foram compelidas a não abusar do reconhecimento facial e de outras ferramentas de vigilância, após uma nova lei de proteção de dados pessoais entrar em vigor. Mas o veto vale apenas para o setor privado. No setor público, o jornal
The Washington Post revelou em dezembro que a ligação da Huawei com o aparato chinês de vigilância governamental é maior que o imaginado.
Os dados aparecem em uma apresentação de Power Point que estava disponível no site da empresa e foi removida. Repleto de itens “confidenciais”, o arquivo mostra como a tecnologia da empresa pode ajudar Beijing a identificar indivíduos por voz, monitorar pessoas de interesse, gerenciar reeducação ideológica, organizar cronogramas de trabalho para prisioneiros e rastrear compradores através do reconhecimento facial.
FONTE: AREFARENCIA.COM | EDIÇÃO: REDAÇÃO GRUPO M4
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