Após dois anos de interrupção devido à pandemia de covid-19, começa neste domingo (22/05) a 51ª edição presencial do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, em um momento de incerteza em razão da guerra na Ucrânia e de suas consequências nos âmbitos geopolíticos, financeiro e alimentar.
A última reunião do Fórum de Davos aconteceu em janeiro de 2020, em um contexto muito diferente, quando foram comemorados os 50 anos do encontro. Na época, a pandemia de covid-19 ainda não havia sido declarada e a Europa não estava em guerra.
Por essa razão, segundo os organizadores, a edição deste ano, que segue até quinta-feira, será a mais oportuna desde a sua criação, devido aos problemas sem precedentes que o mundo enfrenta. A Rússia foi banida do evento após invadir a Ucrânia. Desta forma, pela primeira vez desde o fim da era soviética, não participará do encontro.
Por outro lado, a Ucrânia deve ser o centro das atenções. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fará o discurso de abertura por teleconferência, e uma delegação oficial do país estará presente em Davos, liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.
Os ucranianos terão a chance de debater a reconstrução do país, calculada, apenas com o custo de infraestruturas destruídas, em mais de 4 bilhões de euros.
"Em Davos, faremos tudo o que é possível pela Ucrânia e para apoiar sua recuperação", garantiu o fundador e diretor do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab.
Ao longo de cinco décadas, o Fórum de Davos se firmou como a plataforma internacional mais importante, com participação de líderes políticos e econômicos, diretores das companhias mais poderosas do mundo e cada vez mais representantes da sociedade civil, convidados para falar pelos cidadãos comuns.
A 51ª edição contará com 2,5 mil participantes, entre eles cerca de 50 chefes de Estado e de governo. O Brasil estará representado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Normalmente realizado em janeiro, desta vez Fórum ocorre na primavera europeia, em uma paisagem bem diferente
Pandemia e mundaças climáticas em debate
Embora a guerra na Ucrânia e suas consequências mundiais sejam o principal assunto a ser discutido, outros temas estarão em pauta, como a crise ambiental e os desdobramentos da pandemia de covid-19.
"Precisamos de uma coalização de líderes que se comprometam com soluções para o clima. O mundo está ansioso para ver soluções", declarou Schwab.
A economia global também estará em discussão, diante de uma inflação cada vez mais elevada, a interrupção do fornecimento de grãos pela Ucrânia, a desconfiança dos investidores e as sequelas sociais deixadas pela pandemia.
Dois anos depois da última edição do Fórum, a doença ceifou milhões de vidas e continua prejudicando as cadeias de suprimentos globais. Mesmo que a pandemia tenha diminuído em grande parte do mundo, as cicatrizes deixadas por ela permanecem abertas. Milhões de pessoas, principalmente mulheres, não voltaram ao mercado de trabalho, centenas de milhares de crianças foram forçadas a abandonar a escola e empresas que sobreviveram à crise ainda estão contabilizando suas perdas.
"Há muita inflação, há muita desigualdade. Nossa economia global está desequilibrada. Estes assuntos, assim como a crise alimentar, devem ser abordados em Davos, porque precisam de atenção imediata", enfatizou Schwab.
Presenças importantes
Olaf Scholz fará sua estreia no evento como chanceler federal da Alemanha. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, o enviado climático dos EUA John Kerry, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, estão entre as figuras de destaque que participarão do evento.
Normalmente realizado em janeiro, quando os alpes suíços estão cobertos de neve, esta edição do Fórum de Davos ocorrerá na primavera europeia, em uma paisagem muito diferente. O evento precisou ser adiado para maio, pois no começo do ano o mundo vivia a disseminação da variante ômicron do coronavírus.
FONTE: DW | EDIÇÃO: REDAÇÃO GRUPO M4
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