O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pediu a suspensão da veiculação do filme Cuties pela Netflix e investigação sobre ...
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos pediu a suspensão da veiculação do filme Cuties pela Netflix e investigação sobre sua distribuição no Brasil, por possuir “conteúdo pornográfico envolvendo crianças”.
Foto | Edição: Matheus Salomão Redação Tribuna do DF
Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, afirmou na última segunda (14) que está tomando providências contra o filme. O longa, que foi premiado no festival Sundance, entrou na mira da ministra, que por meio das redes sociais chamou a produção de “abominável”.
– Estou brava, Brasil! Estou muito brava! É abominável uma produção como a deste filme. Meninas em posições eróticas e com roupas de dançarinas adultas. Quero deixar claro que não faremos concessões a nada que erotize ou normalize a pedofilia! Quero aproveitar e dar um recado aos pedófilos que por anos tem vindo ao Brasil abusar de nossas crianças: no Brasil existe um governo que se importa de verdade em proteger as crianças e as famílias – destacou a ministra.
"Crianças e adolescentes são o bem mais precioso da nação e o mais vulnerável. É interesse de todos nós botarmos freio em conteúdos que coloquem as crianças em risco ou as exponham à erotização precoce. O governo do presidente Jair Bolsonaro não vai ficar parado nessa luta. Vamos tomar todas as medidas judiciais cabíveis. A nossa luta é para direitos humanos para todas as crianças do Brasil", diz Damares.
O pedido foi encaminhado à coordenação da Comissão Permanente da Infância e Juventude (Copeij), colegiado integrado por procuradores e promotores de Justiça de todos os estados e distrito Federal que atuam diretamente na área da infância e juventude.
O filme francês é uma produção original da Netflix e tem classificação indicativa de 16 anos.
De acordo com o ministério, no ofício assinado pela Secretaria Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente, o secretário Maurício Cunha destacou que a produção, protagonizada por uma menina de 11 anos, possui, como pano de fundo, o fascínio pela dança, a busca pela liberdade, o desenvolvimento da identidade sexual e o conflito em relação à tradição religiosa de sua família.
O ofício da Secretaria Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente é assinado pelo responsável, Maurício Cunha, que afirma que o filme "apresenta pornografia infantil e múltiplas cenas com foco nas partes íntimas das meninas enquanto reproduzem movimentos eróticos durante a dança, se contorcem e simulam práticas sexuais".
Para a secretaria, o filme fragiliza a luta pela proteção das crianças. "A SNDCA vê com extrema preocupação a perpetuação do conteúdo que, longe de ser entretenimento ou liberdade de expressão, na verdade, afronta e fragiliza a normativa nacional de proteção à infância e adolescência", continua o texto.
Foto | Edição: Matheus Salomão Redação Tribuna do DF
Além disso, Cunha cita que o Brasil faz parte de tratados internacionais contra a pornografia e exploração sexual infanto-juvenil, como o Protocolo Facultativo da Convenção dos Direitos da Criança, da ONU.
Além da suspensão do filme no país, o governo pede a apuração da responsabilidade pela oferta e distribuição do conteúdo, destacando que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê como crime o ato de “vender ou expor à venda, vídeo ou outro registro que contenha cena pornográfica envolvendo criança e adolescente, punível com reclusão de 4 a 8 anos e multa”.
Reflexão sobre tema
A diretora do filme, Maïmouna Doucouré, afirma que o filme é exatamente uma crítica à sexualização das crianças. "Eu conversei com centenas de pré-adolescentes para entender como elas se relacionavam com sua feminilidade hoje em dia. Essas garotas veem que, quanto mais a mulher é sexualizada nas redes sociais, mais bem-sucedida ela é. E sim, isso é perigoso", diz.
Segundo a diretora, a ideia era mostrar como a protagonista do filme transita por "modelos diferentes de liberdade" e como ela acredita ter encontrado um tipo de liberdade ao entrar para um grupo de dança. "Mas será que isso é realmente liberdade? Especialmente quando você é uma criança? Claro que não", considera.
Diante da repercussão de protestos, a Netflix também comentou a polêmica. "'Cuties' (nome em inglês do longa) é uma crítica social à sexualização de crianças. É um filme premiado, com uma história poderosa sobre a pressão que jovens meninas sofrem das redes sociais e da sociedade em geral enquanto crescem — e encorajamos qualquer pessoa que se importa com este tema fundamental a assistir ao filme".
Repercussão
Após a Netflix estrear a produção francesa Cuties nesta quinta-feira (10), usuários do Twitter levantaram a hashtag #CancelNetflix (‘cancelem a Netflix’, em tradução livre) em protesto ao suposto retrato sexualizado das crianças de 11 anos que protagonizam o filme.
Após as primeiras manifestações, a Netflix divulgou uma declaração dizendo que o cartaz "não é ok e não representa o filme premiado em Sundance".
A abordagem da Netflix na divulgação do filme ainda incentivou a criação de uma petição online pedindo que usuários cancelassem suas contas. Em entrevista à Deadline, Doucuré revelou ter recebido diversas ameaças de morte desde a divulgação do filme na plataforma.
O Governo francês
O Ministério da Cultura da França publicou, nesta sexta-feira (18), uma carta em apoio ao filme Cuties, que fez a Netflix ser acusada de sexualizar crianças.
Em nota, o governo francês disse que críticas dirigidas ao filme e à diretora Maïmouna Doucouré se baseiam em um série de imagens descontextualizadas e reducionistas. Além disso, os ataques imputam à diretora uma intenção que ela não teve e que vai em “total contradição com o que a obra propõe”.
Bachelot-Narquin e Moreno, na nota, “defendem a difusão do longa-metragem de Maïmouna Doucouré pelo mundo, em nome da liberdade de criação, pilar essencial da vida democrática”.
– Este filme deve continuar a ser exibido para todos os públicos e a alimentar um debate pacífico, baseado em leituras esclarecidas da obra.
A jovem protagonista, interpretada pela atriz Fathia Youssouf, vive um embate entre as descobertas de sua nova vida e as suas origens e costumes. Mas o que poderia ser mais um filme sobre diferenças culturais e as descobertas do começo da adolescência virou objeto de uma série de polêmicas.
O longa, acusado de sexualizar crianças, chegou aos assuntos mais comentados no Twitter nos Estados Unidos quando estreou no catálogo da Netflix. Em entrevista ao site especializado Deadline, a diretora e roteirista Maïmouna Doucouré disse que recebeu ameaças de morte.
Após pressões e críticas nas redes sociais, a Netflix alterou o cartaz, assim como a sinopse, de Cuties sua próxima produção original dirigida por Maïmouna Doucouré. A polêmica começou quando usuários do Twitter fizeram comparações com a contraparte francesa, e acusaram o material de divulgação americano de promover “sexualização infantil”.
precisamos falar do filme “cuties” que a netflix lançou sexualizando crianças de 11 anos?????????? pic.twitter.com/dLQG3E6Uzq
— alyson (@stranwberryes) September 10, 2020
Eu assisti "Cuties" e o filme tem umas problemáticas interessantes, mas umas partes me deixaram EXTREMAMENTE DESCONFORTÁVEL, como essa: pic.twitter.com/W8N6CgwmLn
— Lê (@ellenscl) September 11, 2020
Agora reflita com calma, e tire as suas conclusões. Será mesmo um filme com características de pornografia infantil como esta sendo classificado por muitos, ou realmente estamos enganados, julgando precocemente a autora que apenas quis colocar para fora o que se passa pela cabeça de uma pré-adolescente de 13 anos, e a ideia de mostrar como a pré-adolescente transita por "modelos diferentes de liberdade" e como ela acredita ter encontrado um tipo de liberdade ao entrar para um grupo de dança? Será que é realmente liberdade? Especialmente quando se trata de uma criança? E as consequências que o filme está causando nas famílias, em especial na cabeça das pré-adolescentes? A erotização precoce deve ser explorada ou devemos entender apenas como um aviso, um alerta às famílias? Deixe o seu comentário!
REDAÇÃO TRIBUNA DO DF
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